Nuremberg Quando entrar em campo para o jogo contra Gana, na próxima terça-feira, às 12 horas (de Brasília), em Dortmund, a seleção brasileira estará enfrentando toda a África. Estreantes em Mundiais, os Estrelas Negras mantiveram a tradição do continente de desde 86 classificar pelo menos uma equipe para as oitavas-de-final da Copa. E para chegar às quartas-de-final, terão o apoio não só dos conterrâneos, em uma mobilização que começou ontem, antes mesmo do jogo contra os Estados Unidos.
O capitão Appiah, autor do gol que levou o país à próxima fase, recebeu telefonemas do craque marfinense Didier Drogba e de Adebayor, principal jogador da seleção togolesa. O apoio ganha importância maior pelo fato de Costa do Marfim e Togo serem países vizinhos e rivais de Gana. Algo como Riquelme e Recoba ligarem para Cafu na véspera da final do Mundial.
Fora da Copa, o camaronês Samuel Etoo foi pessoalmente à concentração de Gana conversar com os jogadores.
"Jogamos agora não só por Gana, mas por todo o continente africano, principalmente pelos países que vieram aqui e já foram eliminados", afirmou Appiah, que, empolgado, emendou: "Somos o Brasil da África."
O otimismo de Appiah foi o ponto final de uma festa que começou no gramado do estádio de Nuremberg. Precisando vencer e contar com um tropeço da República Tcheca contra a Itália, o time africano abriu o placar com Draman, aos 22 minutos do primeiro tempo, aproveitando falha do capitão americano Reyna. Os ianques empataram aos 43, com Dempsey. Quatro minutos depois, o capitão Appiah, de pênalti, fez o gol da classificação.
Ao fim do jogo, os Black Stars (Estrelas Negras, como são conhecidos os jogadores no país) choravam e rezavam por todos os lados do gramado. O goleiro Kingston chegou a se pendurar na trave para festejar.
A histeria se estendeu a Accra, capital do país. Milhares de torcedores foram para as ruas comemorar a façanha. Os adultos fizeram carreatas, enquanto crianças se aglomeravam ao redor dos carros gritando os nomes dos jogadores, principalmente de Appiah.
"Vamos enfrentar o Brasil sem medo", disse Appiah. "Sem medo", repetiu. Na mesma linha, o técnico de Gana, o sérvio Ratomir Dujkovic, afirmou que sabe exatamente o que é preciso fazer para bater o Brasil nas oitavas-de-final: "Marcar três gols".
Dujkovic disse também que a seleção brasileira é "a melhor do mundo", mas que terá de "sofrer" para passar por Gana. "Quem enfrentar os Black Stars vai sofrer, como sofreram os times da República Tcheca, da Itália e dos Estados Unidos", disse o técnico. "E o Brasil vai sofrer também", emendou, esbanjando confiança.
Em Nuremberg
GANA 2Kingston; Pantsil, Mohamed, Mensah e Illiasu Shilla; Dramani (Tachie-Mensah), Essien, Boateng (Addo) e Appiah; Pimpong e Amoah (Addo). Técnico: Ratomir Dujkovic
ESTADOS UNIDOS 1Keller; Cherundolo (Johnson), Conrad, Onyewu e Bocanegra; Eddie Lewis (Convey), Reyna (Olsen), Dempsey e Beasley; Donovan e McBride. Técnico: Bruce Arena
Estádio: Frankenstadion. Árbitro: Markus Merk (ALE). Gols: Draman (G), aos 22, Dempsey (E), aos 43, e Appiah (G), aos 47 do 1.º tempo. Amarelos: Mensah, Illiasu Shilla, Essien (G), Eddie Lewis (E).
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