Quando Matheus Cortes e Rodolfo Zamprogna entraram no octógono montado no Círculo Militar de Curitiba, sábado, impressionaram boa parte do público do Power Fight Extreme (PFE). Espanto causado não pela força dos lutadores ou a técnica do combate. Ainda com rosto e corpo de criança, os garotos de 12 e de 14 anos, respectivamente, abriram o card de lutas da noite. Os estreantes, devidamente preparados e equipados, se enfrentaram em um combate feroz. Apesar de amigos, bateram para valer.
"Foi apenas uma demonstração, uma apresentação. Era como se fosse uma entrega de faixa para os dois, não uma luta", explicou Josafá Liberal, organizador do PFE. "Os meninos são colegas, treinam na equipe do Peterson Revay, e tiveram autorização dos pais. Eles têm toda a proteção: na canela, nos punhos, na boca e nos genitais. Também não valiam golpes na cabeça", reforçou.
A vitória no round único de três minutos ficou com o mais baixinho deles. Fã do lutador Lyoto Machida, campeão meio-pesado do UFC (principal campeonato de artes marciais mistas do mundo), foi Rodolfo quem pediu aos pais para começar a praticar o MMA (artes marciais mistas).
"Eu me machucava bastante jogando futebol. Até tive de fazer fisioterapia por causa de um problema na virilha. Na academia, não. Fazemos alongamento e o esporte tem regras bem definidas", garante o adolescente, que sonha em se tornar um atleta profissional e virar um astro do UFC.
"Na minha opinião, é um esporte como qualquer outro. Aliás, depois que começou a praticar, há mais ou menos um ano, o Rodolfo mudou da água para o vinho. Não me dá mais trabalho", conta o pai, Edson Antônio Zamprogna.
Já no caso de Matheus, o esporte veio por recomendação médica. "Ele é cardíaco, nasceu com problema no coração. Fui falar com o pediatra e ele incentivou muito", revelou a mãe do menino, Fátima Cortes. "Eles mesmos sabem os limites. Em qualquer outro esporte também estão sujeitos a se machucar", adicionou.
Por se tratar de uma atividade esportiva, a única exigência feita pela Vara da Infância e da Juventude é de que, para competir, os garotos tenham permissão dos pais. No entanto, de acordo com o médico Charles Kondageski, como em qualquer atividade de alto impacto, os riscos estão presentes.
"É difícil de medir, mas existe (risco), sim. Se as pancadas forem crônicas, eles podem sofrer algum tipo de dano. Mas para comparar, seria algo semelhante a um jovem que joga futebol e precisa cabecear a bola repetidamente", explica o neurocirurgião. "É preciso tomar cuidado. O que me preocupa não é o agora, mas o futuro, quando eles tiverem seus 45 anos. (Se receberem muitos golpes na cabeça) a chance de desenvolverem uma doença como o mal de parkinson é maior", completou.
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