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Em dez meses, o judoca Rafael Silva – 2,03 m e 155 kg – subiu dez posições no ranking mundial da categoria pesado (acima de 100 kg) e está classificado para sua primeira Olimpíada – aguarda apenas a homologação do ranking em 30 de abril. Aos 24 anos, surge agora como uma das apostas do país no tatame.

Há uma semana, ele conquistou seu principal título na carreira: o ouro no campeonato Masters da Federação Internacional de Judô, disputado entre os 16 primeiros colocados de cada categoria. Foi o único ouro brasileiro no masculino e lhe valeu a ascensão para o quinto lugar de melhor judoca do mundo.

Resultado de uma transformação radical na forma de treinar no último ano. O atleta nascido no Mato Grosso, mas radicado em Rolândia (Norte do Paraná), entra agora para o seletíssimo grupo das possíveis medalhas do Brasil na capital londrina, em julho.

Você saiu de coadjuvante – na briga com o Daniel Hernandez (10º do ranking e que competiu as olimpíadas de Sidney e a Atenas) – para o 5º lugar do mundo...

Foram muitas mudanças, no estilo de treino, de preparador físico, de nutricionista. Entrei de vez para o mundo do alto rendimento.

Como assim?

Antes de 2011, treinava com atletas mais novos, com foco nos fundamentos. Até porque comecei a treinar tarde para os padrões do esporte, aos 15 anos, e tinha de aprender todos os movimentos que para quem começa a treinar, ainda criança, seriam automáticos. Mas me faltava o ritmo de treino voltado à competição.

O que mudou no treinamento?

O Emerson Franchini [preparador físico dos medalhistas olímpicos Leandro Guilheiro e Tiago Camilo] fez toda a mudança. Pedi conselhos para o Leandro e o Tiago e me sugeriram a treinar com o Emer­­son. Ele incluiu na rotina o Le­­vantamento de Peso Olímpico, que o Tiago já estava fazendo. Isso eu treino com o Dimas [Edimilson Dantas, bronze no Pan de Havana, em 1991]. Faço três sessões de levantamento na semana. Os movimentos técnicos fortalecem muito. Não só os braços, mas também tronco e pernas. E é uma modalidade que se aplica muito ao judô, já que são movimentos de força e explosão. Em um ano, passei de 115 kg de massa magra para 126 kg, mantendo o meu peso total [155 kg].

E no tatame? O que mudou?

Continuo a ser um atleta que busca sempre o ippon. Mas, às vezes, sei que vou ter de lutar na estratégia. Venho seguindo as orientações da comissão técnica para aprimorar os detalhes.

O fato de ser o mais alto da categoria entre os melhores do mundo ajuda?

Tenho 2,03 m de altura. A vantagem da estatura é controlar a distância do adversário e usar golpes de perna para as projeções.

No Pan de Guadalajara você foi o único judoca do masculino que não ficou com o ouro. A sua prata acabou ofuscada?

Foi um resultado ruim. Já tinha ganhado do cubano antes, mas ele é um bom atleta. [A derrota] foi coisa do dia. Voltei remoendo isso, resolvi usar como apren­­dizado. Mas não teve ‘pegação’ no pé do restante da equipe, primeiro porque fui o primeiro a lutar e, no dia se­­guin­­te, voltei ao Brasil. E, entre nós, não comentamos resultados. A comissão técnica falou que eu poderia ter arriscado mais na luta. Vamos corrigir.

Daqui até julho o que você precisa para assegurar a vaga em Londres?

Desde as seleções de base, já viajei bastante. Estou no meu terceiro passaporte, mas nunca estive em Londres. Seria especial ir para lá para a Olimpíada e voltar com a medalha. Até lá, matematicamente, estou praticamente garantido na competição [só ficará fora se Daniel Hernandez, seu concorrente, subir cinco posições no ranking em três meses, algo improvável]. Viajo esta semana para o Grand Slam de Paris e disputo o Sul-Americano em 26 de abril. Além disso, devemos fazer treinamentos fora, como no Japão.

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