A Rede Globo fez propostas de renovação de direitos de transmissão em TV aberta e PPV (pay-per-view) para sete times da Série A do Brasileirão com redutores no valor total que estes teriam direito a receber. As equipes assinaram com o Esporte Interativo, empresa do Grupo Turner, para TV fechada de 2019 a 2024, mesmo período proposto pela Globo.
No contrato de TV aberta, a redução pode chegar a 20% por ano. No pay-per-view, seria de 5,27% por partida. A reportagem viu o modelo de contrato enviado por Fernando Manuel Pinto, diretor de Direitos Esportivos da Globo.
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Santos, Palmeiras, Internacional, Atlético-PR , Paraná , Ceará e Bahia disputarão o Brasileirão em 2018 e possuem contrato com o Esporte Interativo, emissora do Grupo Turner. Desses, Santos, Paraná e Ceará assinaram contrato com a Globo nos termos propostos pela emissora.
A reportagem apurou que os demais clubes que assinaram contrato com a Turner relutam em aceitar a oferta por não a considerar justa, caso atleticano, com Mario Celso Petraglia à frente..
Na proposta enviada pela Globo, no item 1.3, a emissora justifica pagar menos para quem assinou com o concorrente dizendo ser um princípio de isonomia “uma vez que o clube celebrou contrato com outra empresa por meio do qual cedeu os direitos de transmissão de seus jogos nas temporadas de 2019 a 2024 em TV fechada com potenciais consequências sobre os direitos referentes às transmissões de TV aberta”.
Segundo o contrato, o desconto será sobre o total que o clube tem a receber no ano.
A Globo busca reduzir os valores porque a assinatura dos sete clubes em TV fechada com o Esporte Interativo vai mexer com o modelo de negócios de transmissão da empresa a partir de 2019.
No contrato atual, as emissoras da Globo manejam as transmissões como querem, já que têm os direitos sobre os 380 jogos da Série A. A cada rodada são transmitidos três em TV aberta (para diferentes cidades), duas no SporTV e todas em PPV.
No modelo brasileiro, as duas equipes envolvidas na partida precisam concordar com a transmissão pela TV.
O Esporte Interativo fechou acordo com 17 clubes, entre Séries A, B e C do Brasileirão. Os que estiverem na primeira divisão vão dividir R$ 520 milhões por ano. Cada clube ainda recebeu R$ 40 milhões de prêmio pela assinatura do contrato.
A proposta da Globo para TV aberta a partir de 2019 é de R$ 600 milhões por ano para os 20 clubes da Série A. O modelo de divisão será de 40% repartidos igualmente, 30% pelo número de transmissões e 30% de acordo com a classificação no torneio do primeiro ao 16º. O campeão embolsa R$ 18 milhões e o valor cai até o 16º, que recebe R$ 6,12 milhões. Os rebaixados não recebem nada.
Pelos direitos de transmissão na TV fechada, a Globo propõe pagar R$ 500 milhões por ano a partir de 2019, que seriam divididos entre os clubes que fecharem acordo.
Pelo atual contrato, a Globo paga R$ 60 milhões por ano, valor considerado baixo por dirigentes. Para transmitir para o Brasil do Inglês em TV fechada, por exemplo, a ESPN gasta R$ 163 milhões (US$ 50 milhões) por ano.
No PPV, a remuneração é de acordo com o número de torcedores de cada time que assinam o serviço. Há valor mínimo de remuneração. Para atrair Corinthians e Flamengo, clubes de maior torcida, a Globo aumentou esse valor mínima para R$ 120 milhões por ano para cada um.
Na venda de cotas de patrocínio para os pacotes dos jogos de futebol de clubes e o da Copa de 2018, a Globo arrecadou R$ 2,4 bilhões. Para o futebol nacional, o valor de cada cota foi de R$ 230 milhões. Em 2017, quando havia um pacote para todas as transmissões, a cota saiu por R$ 283 milhões.
Por ser um dos canais mais antigos do mercado e por ter os jogos do Brasileiro, o SporTV recebe uma das mais altas taxas de carregamento (o valor que a operadora paga à emissora para tê-la na grade de programação). São cerca de R$ 15 por assinante. A média de mercado é R$ 5.
A oferta da Globo de aplicar o redutor e citar a concorrência para justificá-lo também prepara terreno para negociações futuras. Em 2020, a emissora terá de renovar direitos de torneios como o Paulista e a Copa do Brasil.
Brasileirão 2019: Globo confirma redutor para os clubes da Turner
Em resposta por escrito, a assessoria da Globo confirmou à reportagem que foi proposto um redutor aos sete clubes da Série A que fecharam contrato com a Turner.
“A área de Direitos da TV Globo e Globosat esclarece que vem negociando a aquisição de direitos do Brasileiro, em TV aberta e PPV, com alguns clubes que já licenciaram os direitos de TV fechada com terceiros. O modelo redutor se aplica quando e se o clube, em função de compromisso preexistente com terceiro neste segmento, tiver reduzidos os direitos de TV aberta e/ou PPV que poderá ceder ao Grupo Globo. Se um clube for capaz de garantir os direitos com todas as características de exclusividade e qualidade, os redutores não se aplicarão, ainda que ele tenha celebrado contrato com terceiros”, afirmou a emissora.
O Esporte Interativo não quis se pronunciar sobre o assunto.
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