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      O sorriso aberto no rosto dizia tudo: Wellington Silva estava muito feliz com o triunfo contra o Ceará, no sábado, com um gol dele. Gol feito com a mão, diga-se. "Ah, a gente precisava muito dessa vitória né?", falou Wellington, informalmente, à reportagem da Gazeta do Povo que esteve no de­­sembarque do Paraná no Aero­­porto Afonso Pena, ontem. A conversa teve de ser informal porque o departamento jurídico do Tri­­color proibiu o jogador de falar sobre o assunto, como avisou o superintendente Beto Amorim: "Ordens de cima, sabe como é".

      Wellington Silva também sabe como é, ou pelo menos se lembrou de como é o assédio da torcida, feliz com a vitória. Enquanto caminhava pelo saguão, era cumprimentado por torcedores. Um, mais empolgado, pedia: "Alguém tem que pôr uma placa para você na Vila!". Talvez não. A placa seria um atestado da "Lei de Gér­­son", aquela que diz que é bom levar vantagem em tudo. Coisa que Wellington, informalmente, não quer saber. Ele disse que confessou que fez o gol com a mão e que o próprio árbitro, Charles Hebert Cavalcante Ferreira, assumiu que estava mal posicionado – não apita mais neste ano, segundo Sérgio Correa, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF. Melhor para o Paraná, que voltou a conhecer uma vitória longe de casa. A última também foi contra um frequentador assíduo do G4 da Série B, o Guarani.

      No Ceará, protestos. O presidente do clube, Evandro Leitão, disparou: "Não foi a primeira vez que fomos prejudicados pela arbitragem na Série B deste ano, mas esta foi a mais vergonhosa, a mais escancarada. Todo mundo percebeu claramente que o jogador do Pa­­raná usou a mão. Como o árbitro, a bandeirinha e até mesmo o quarto árbitro não viram?", perguntou. Leitão ainda observou algo que foi confirmado por Wel­­ling­­ton Silva. "O atacante do Pa­­raná nem comemorou o gol na hora que a bola tocou as redes porque não acreditou que o lance se­­ria validado", disse o cearense. Wellington contou que quando viu o juiz correndo para o meio do campo, saiu comemorando.

      O Ceará promete fazer uma reclamação formal junto à CBF. A razão principal é que a equipe nordestina vem sendo prejudicada em uma disputa pela vaga na Série A contra clubes paulistas. A informalidade no papo com Wellington Silva pode ser justificada em razão disso. Beneficiado desta vez – algo incomum para o Paraná – o Tricolor não quer pagar pela incompetência da arbitragem. Ainda que o presidente Aurival Correia disfarce: "Não tem muito porque ele ficar falando do gol. Isso é coisa do futebol". Correia, que esteve em Fortaleza, ainda contou como reagiu na hora do lance. "Comemoramos muito!", disse o presidente, com um sorriso há tempos não visto por ali.

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      Confira como o gol de Wellington Silva repercutiu fora do país e relembre alguns casos semelhantes:

      "Dirty cheat"

      O gol de Wellington Silva ganhou o mundo via YouTube. Sites na Inglaterra, como o 101greatgols.com, mostram o lance com comentários como "a suja mão de Deus de Wellington Silva". Ou "trapaça suja", diz o seethecup.com, chamando ainda o gol de "o mais feio feito com a mão no Mundo". Ainda assim, comparam o avante tricolor a Maradona e Messi. Já o mexicano vefutbol.com.mx apenas relata o lance como "polêmico".

      De lateral

      Não foi o primeiro gol feito com as mãos que o Paraná conseguiu. Em 1993, pelo Campeonato Paranaense, o ex-zagueiro Gralak conseguiu algo ainda mais inusitado. Ele cobrou um lateral, como costumava fazer, jogando a bola cruzada na grande área. O goleiro do Umuarama saiu mal e tocou a bola para dentro do gol. O juiz validou o lance, deixando o Paraná em vantagem – o jogo acabou 5 a 0 para o Tricolor. Caso a bola tivesse entrado diretamente no gol, sem que ninguém a tocasse, a regra determinaria que o juiz apontasse escanteio para o Tricolor.

      La mano de Dios

      Esse já é consagrado: Maradona, na Copa de 86, contra a Inglaterra. O lance foi chamado pelo próprio Dieguito como "a mão de Deus" e classificou a Argentina para as semifinais da competição, com a vitória por 2 a 1 – os hermanos seriam campeões.

      Aqui se faz, aqui se paga

      Nove anos mais tarde, o Brasil, de Túlio Maravilha, devolveu a trapaça à Argentina. O artilheiro fanfarrão ajeitou claramente a bola com o braço e colocou com jeito na rede. O Brasil conseguiu o empate por 2 a 2 e eliminou os vizinhos nos pênaltis. Túlio resumiu: "Deus estava do nosso lado". O Brasil perderia a decisão para o Uruguai, nos pênaltis.

      La mano, em Cataluña

      Messi, quase igual ao conterrâneo Maradona, em 2007, empatou o clássico catalão entre Espanyol e Barcelona em 2 a 2, ao acertar a mão em um cruzamento na pequena área, o que reforçou as comparações entre os dois argentinos.

      A mão do Imperador

      Nas semifinais do Paulistão do ano passado, Adriano, defendendo o São Paulo, mergulhou e socou a bola com a mão após um levantamento na área. O gol deixou o Tricolor paulistano em vantagem contra o Palmeiras, mas quem acabou com a taça foi mesmo o alviverde, que eliminou o rival no segundo jogo.

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