"Se fosse público seria mais fácil"
Mesmo com o menor dos orçamentos entre os 12 estádios escolhidos para abrigar a Copa do Mundo no Brasil, cerca de R$ 98 milhões, o fato de o Joaquim Américo ser um imóvel privado dificulta a execução do projeto mesmo em comparação com arenas muito mais caras, orçadas em meio bilhão de reais.
"Se fosse público seria mais fácil. Haveria o investimento e pronto", reconheceu Luiz de Carvalho. Só o custo da construção e a reforma de estádios do Mundial vai consumir cerca de R$ 6,3 bilhões. O valor é mais do que o dobro gasto nos palcos da Copa da África do Sul, calculado em R$ 2,65 bilhões.
A possibilidade de construção de uma praça esportiva pública em Curitiba, no espaço onde hoje fica o interditado Pinheirão, chegou a ser cogitada há dois anos, antes da escolha da Baixada. "Mas hoje não haveria nem como mudar. Ou é na Arena, que já foi aprovada pela Fifa, ou não tem Copa em Curitiba", comentou o vereador Mário Celso Cunha.
Além da Baixada, o Beira-Rio, do Internacional, e o Morumbi, do São Paulo, completam a trinca dos estádios privados.
A resposta do poder público ao clamor atleticano pela divisão do ônus da ampliação da Arena é negativa. O gestor de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014, Luiz de Carvalho, reforçou ontem haver um impedimento legal para o investimento público no estádio rubro-negro e que governo e prefeitura estudam em conjunto uma solução para viabilizar a conclusão da Baixada, garantindo a realização do Mundial na capital paranaense.
"A Lei de Responsabilidade Fiscal impede o Tesouro federal, estadual e municipal de colocar um centavo sequer em uma propriedade privada", explicou Carvalho. "Estamos em negociações. Em três meses esperamos ajudar a fechar com um parceiro privado para a Arena. Não podemos dizer ainda se é uma empresa nacional ou de fora. Mas tanto o (governador Orlando) Pessuti, como o prefeito Luciano Ducci estão empenhadíssimos nisso", acrescentou, em resposta ao ultimato dado pelo Furacão.
Em entrevista publicada ontem na Gazeta do Povo, o vice-presidente e diretor de obras do Atlético, Enio Fornea, garantiu que "se não houver participação do governo municipal e estadual o Atlético não vai fazer nada. A obra não vai sair." O endurecimento do discurso acontece pouco antes da data-limite (segunda-feira) estipulada pela Fifa para o início das obras nas praças esportivas.
O dirigente rubro-negro ainda mostrou-se cético quanto à parceria privada. "É uma conta que não fecha. Nenhum estádio vai dar o retorno do investimento que for feito", opinou Fornea.
"(A busca de um investidor) É um processo moroso e entendemos a ansiedade do Atlético, que não tem como arcar sozinho com a obra", amenizou Carvalho.
Apesar do impasse, ele descarta a ameaça de Curitiba perder o direito de ser uma das subsedes do Mundial. Uma hipótese já considerada pela cúpula atleticana. O presidente Marcos Malucelli teria dito em reunião do Conselho Deliberativo do clube nesta semana não acreditar mais na realização de jogos do Mundial na cidade.
"Hoje, como está, não vai ter Copa em Curitiba. O Atlético não vai se endividar sozinho e ainda não há uma alternativa para garantir o investimento público. Mas haverá", disse o vereador Mário Celso Cunha (PSB), líder da prefeitura na Câmara e conselheiro do clube.
Segundo ele, há três estudos nos quais as procuradorias municipais e estaduais analisam mecanismos legais que permitam investir no estádio. As medidas teriam de passar, em forma de lei, pela Câmara de Vereadores e pela Assembleia Legislativa.
"Custaria muito pouco perto dos benefícios que viriam para a cidade e para o estado. Hoje está aprovado um repasse de R$ 4 bilhões graças ao Programa de Aceleração do Crescimento, o Pac da Copa. Perderíamos tudo isso, sendo que o investimento público na Arena seria de R$ 60 milhões", contabilizou Cunha.
O cálculo inicial para conclusão do Joaquim Américo poderia ser reduzido de R$ 138 milhões para R$ 98 milhões. O Atlético se dispõe a gastar um terço, enquanto o restante seria dividido entre prefeitura e governo estadual.
"Seria irresponsável o Atlético arcar com tudo sozinho. Estão fazendo uma pressão para que se traga a solução", reforçou o vereador, se referindo ao ultimato dado pelo clube. Preocupado com os prazos e custos do Mundial, o ministro do Esporte, Orlando Silva, declarou que "o estádio é responsabilidade do estado e do município, conforme o compromisso selado com a Fifa."
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