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O governo garante que, apesar da crise financeira e de uma eventual recessão na economia mundial, não haverá falta de recursos públicos para a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Segundo o vice-presidente do BNDES, Armando Mariante, a entidade está em plenas negociações com outros ministérios e com organizadores para garantir os empréstimos para os investimentos e manter os projetos.

"A crise tem começo, meio e fim, e esperamos que até 2014 essa crise já não exista", afirmou Mariante. Segundo ele, até agora não houve qualquer sinal de que os projetos de investimentos seriam revistos. "A Copa traz investimentos positivos para o País, principalmente no setor de infra-estrutura, estradas, comunicações", afirmou.

O representante do BNDES, que está em Genebra para reuniões comerciais, evitou dizer qual seria o valor do financiamento do banco para a Copa do Mundo. Nas últimas semanas, membros do governo chegaram a admitir que algumas obras prioritárias poderiam ser afetadas pela falta de crédito, inclusive a exploração das reservas petrolíferas do pré-sal.

Com a atual crise, a economia mundial vive um de seus piores momentos em mais de 70 anos e, neste fim de

semana, os principais líderes mundiais se reúnem em Washington para tentar encontrar soluções. No caso do Brasil, a previsão é de uma queda nas taxas de crescimento. Mesmo assim, o BNDES garante que não haverá seca nos recursos para a Copa, a segunda a ser disputada no País - a primeira foi em 1950.

Chegou-se a especular que a Copa custaria R$ 40 bilhões, entre investimentos públicos e privados. Mas a CBF desmente o valor. Em outros países, a crise já afeta a preparação. O governo da África do Sul, país-sede da Copa do Mundo de 2010, está em plena crise. O crescimento do país está seriamente comprometido e o custo de construção explodiu. O governo acabou de anunciar medidas extras para garantir um novo financiamento de US$ 126,3 milhões para garantir que os estádios estejam concluídos.

Uma situação ainda mais séria vive a Nigéria, que está sem dinheiro para organização o Mundial Sub-17 - avaliado em US$ 317 milhões. A Fifa agora negocia uma solução, mas não descarta levar o torneio para o México.

Torneiras fechadas

A postura do Brasil é bem diferente do que vive os ingleses com os Jogos Olímpicos de 2012. O Comitê Olímpico Britânico alerta que vai cortar o orçamento para a realização dos Jogos e que algumas modalidades terão até mesmo de dividir ginásios no evento. Os atletas ainda terão de compartilhar seus quartos na Vila Olímpica. Já se prevê que cada apartamento terá pelo menos seis atletas.

Londres foi a sede dos Jogos de 1948, logo após a Segunda Guerra Mundial e que ficou conhecido como a "Olimpíada da Austeridade", numa Europa destruída. Agora, o evento pode ser reduzido e Londres dificilmente terá o mesmo orçamento de US$ 40 bilhões da China para realizar os Jogos. "Não podemos e não vamos competir com Pequim em termos de escala. Não acho que devemos nem sequer tentar", afirmou John Armitt, chefe da autoridade olímpica de Londres. "Londres será diferente e teremos de celebrar essa diferença", afirmou.

A necessidade de redução do tamanho dos Jogos ficou ainda mais evidente depois que o governo britânico anunciou que a economia do país estava encolhendo em 0,5% neste trimestre e que o país provavelmente entraria em recessão. Na China, o país soma mais de dez anos de crescimento superior a 8%.

Em um acordo com o Comitê Olímpico Internacional, Londres garantiu que nenhum esporte será excluído do evento por problemas financeiros. Mas algumas outras mudanças terão de ser feitas. A esgrima, por exemplo, não terá seu ginásio próprio e terá de compartilhar o espaço com outras modalidades ainda a serem definidas. Os ingleses estimaram que precisariam de US$ 17 bilhões para as obras. Mas poderão apelar para a ajuda do governo, com um fundo público de US$ 1,9 bilhão e outros US$ 700 milhões para o centro de imprensa.

A Vila Olímpica é outro problema. Ela custaria US$ 2 bilhões, mas as autoridades não conseguem encontrar parceiros no setor privado para bancar o projeto. A idéia inicial seria a construção de 4,2 mil apartamentos para 17 mil atletas. Ou seja, quatro atletas por apartamento. Mas o projeto agora foi reduzido para 3,3 mil e ainda poderá ser cortado para apenas 2,7 mil apartamentos. Ou seja, pelo menos seis atletas ocuparão cada acomodação da Vila Olímpica.

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