Rio – Ao final da Volvo Ocean Race, em julho, na Suécia, dois brasileiros, Lucas Brun e André Fonseca, estarão habilitados a navegar em qualquer tipo de regata. Afinal, vencer os oito meses da corrida pelos mares ao redor do planeta dará a eles a sensação de ter recebido um diploma virtual, certificando a capacidade de suportar todo o tipo de situação como velejador.

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"Quando terminar será como ter feito uma faculdade. Como eu quero viver profissionalmente de vela, será fundamental", declarou André "Bochecha" Fonseca, 27 anos.

Mesmo ainda na metade da competição, o timoneiro e regulador de velas do Brasil 1 já comemora a experiência adquirida, inclusive no aspecto pessoal.

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"O aprendizado como pessoa também é muito significativo. Na minha autocrítica vejo que tenho crescido bastante, me tornando mais tranqüilo e tolerante. Tem sido muito bom", ressaltou.

Para se ter uma idéia da importância do "efeito Volvo Ocean Race" sobre a vida dos atletas, basta ver o currículo de Bochecha, vasto apesar da pouca idade. Nas classes olímpicas, ele participou de duas olimpíadas (Sydney, 2000, e Atenas, 2004), foi bicampeão mundial da Snipe Júnior e campeão brasileiro dez vezes. Já nas competições de oceano, conquistou a Regata Santos-Rio em 1997.

Desde o início da construção ao lado do Brasil 1, Bochecha acredita que a embarcação, atualmente em quinto lugar, ainda pode melhorar seu desempenho. "Sabemos que nosso lugar é mais à frente".

Rival de Bochecha, Lucas Brun, proeiro do barco ABN 2, também crê num impulso significativo na carreira após a Volvo. Brun é o velejador mais novo da regata de volta ao mundo, com 22 anos.

"Sou muito jovem e participar da competição mais difícil da vela é uma oportunidade incrível de treinamento e desenvolvimento, além de uma grande conquista pessoal", declarou o campeão brasileiro na classe 40.7.

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Um conhecimento a mais para quem teve dicas preciosas de vela desde criança, graças ao pai, Gastão Brun, velejador bicampeão mundial da classe soling. Concluída a Volvo, o herdeiro acredita que toda a vela nacional estará melhor capacitada com a experiência adquirida pelos brasileiros.

"A participação do Brasil 1 e a minha, mesmo que por uma equipe de fora, será muito importante para o futuro. Teremos uma evolução geral, o Torben (Grael, comandante do Brasil 1) vai passar muita coisa, todos os outros tripulantes também", disse.

Após oito edições da prova (que antes se chamava Withbread), é a primeira vez que uma embarcação do Brasil está na disputa.

Integrante do barco que está em segundo lugar – atrás apenas do número um da ABN, líder absoluto – Brun participou de todas as in port races (regatas dentro do porto) até agora, e da última perna percorrida, que foi de Wellington, na Nova Zelândia, até o Rio de Janeiro, no Brasil. E está convocado para a quinta perna, que larga no próximo domingo, dia 2, e vai até Baltimore, nos Estados Unidos.

O jornalista viaja a convite do Brasil 1 e ABN.

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