Grandes nomes da história do esporte brasileiro lamentaram neste sábado (19) a morte do narrador Luciano do Valle, ocorrida durante à tarde após passar mal em um voo de São Paulo para Uberlândia, onde narraria neste domingo, pela Band, o jogo entre Atlético-MG e Corinthians, pela primeira rodada do Brasileirão.
O locutor, que se tornou um ícone também pelo papel de alavancar o crescimento dos esportes no Brasil nas últimas décadas, foi reverenciado por ex-atletas que tiveram feitos eternizados em suas narrações.
"A minha ficha não caiu. O Luciano, além de ter sido um dos maiores locutores que o Brasil já teve, foi um grande amigo e responsável pelo surgimento da dupla Hortência e Paula. Deu muita força para o basquete. Cara maravilhoso, grande companheiro. Não sei o que dizer, estou em estado de choque. Tomei um susto", afirmou Hortência, campeã mundial com a seleção brasileira de basquete em 1994 e vice-campeã olímpica em 1996, em entrevista à Band. "A gente fica procurando palavras para dizer o que ele representou... São tantas que não sabemos nem como nos expressar nesse momento. É um 'irmãozão'. Não sei o que te falar..."
Paula, que participou destas mesmas conquistas, também não escondeu o abatimento com a morte de Luciano do Valle. "Me pegou de surpresa essa notícia. Queria uma notícia melhor hoje, mas, enfim, o Luciano transcendeu a questão de ser o nosso narrador, é o cara dos esportes olímpicos, e escutar a voz dele nos nossos jogos era sempre uma emoção. A gente tem de ficar aqui lembrando tantas coisas boas que ele fez para o esporte brasileiro", disse, também para a Band. "Ele narrou nosso título mundial na Austrália, onde ninguém acompanhou, só a Band acompanhou. Tudo que ele falava nas narrações vai ficar para sempre", completou a ex-jogadora, que ainda enfatizou: "A família dele que fique tranquila. Ele cumpriu a missão dele de maneira brilhante".
Três vezes campeão olímpico como técnico, sendo uma pela seleção masculina de vôlei, em 1992, e duas pela feminina, em 2008 e 2012, José Roberto Guimarães foi outro que se mostrou consternado com a morte de um personagem fundamental para o crescimento do vôlei brasileiro. Isso principalmente na década de 1980, quando a seleção masculina foi vice-campeão olímpico com a famosa "geração de prata" nos Jogos de Los Angeles, em 1984.
"É muito complicado. Complicado porque a gente perde não só o melhor locutor que o Brasil já teve, mas um grande amigo. Uma pessoa que me ajudou muito, esteve ao meu lado, principalmente nos momentos mais difíceis. Eu só tenho a agradecer pelo que ele fez. Pelo vôlei, pelo esporte. Ele era um visionário, sempre pensava na frente. É complicado falar alguma coisa dele. O Brasil está de luto, o esporte brasileiro também. Temos de fazer uma homenagem a um dos maiores ídolos que temos", ressaltou Zé Roberto à Band.
Emerson Fittipaldi, que teve suas históricas vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis, na Fórmula Indy, e o título na categoria narrados por Luciano, também expressou sua dor pela morte do jornalista. "É uma notícia muito triste para o esporte brasileiro. Ele sempre elevava o nível dos atletas em todos os esportes que entrou. Foi uma pessoa fantástica para o esporte brasileiro. Conquistou muita coisa, conquistamos muita coisa juntos", disse o ex-piloto, também bicampeão mundial de Fórmula 1, em entrevista à Band. "O esporte perdeu uma grande parte da história dele hoje", acrescentou.
Fittipaldi também lembrou com saudade de um dos momentos mais marcantes de sua carreira. "Quando tive a primeira vitória em Indianápolis, aquela narração do Luciano foi muito emocionante. Festejamos tanto. A história do Luciano é fantástica, uma visão muito grande no esporte. Barão, meu pai, era muito amigo do Luciano. Onde o Luciano entrava dava certo. Ele conseguia transmitir a emoção no esporte. Foi uma grande perda para nós todos", enfatizou.
Hélio Castroneves, piloto da Penske na Indy, foi outro que ficou abalado com a notícia da morte. "Grande jornalista, se importava muito com as pessoas. No meu caso, quando passei por momentos difíceis nos Estados Unidos, com o problema da corte [foi julgado sob acusação de sonegação de impostos], ele foi uma das pessoas que se preocupou. Isso mostra o caráter, a pessoa que era. Tinha um coração enorme. É uma pena realmente que tenha nos deixado, mas quero lembrar dele pela história, pelas transmissões. Nunca vou me esquecer da narração que fez na minha primeira vitória", disse.
Castroneves ainda exaltou o fato de que o narrador era um mestre na arte de transmitir emoção. "Quando assistia à corrida, em inglês, não tinha a mesma emoção. Com o Luciano narrando, me trouxe uma memória muito grande de quando o Emerson [Fittipaldi] venceu em 1989 [o título da Indy] e ele narrou. Foi muito gratificante ouvir o Luciano narrando minha primeira vitória, em 2001. Foi quando pensei: 'Cara, consegui chegar lá'. Nunca vou esquecer", completou o piloto.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura