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A seleção paranaense treina em um dos três únicos campos próprios para a modalidade no Brasil | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
A seleção paranaense treina em um dos três únicos campos próprios para a modalidade no Brasil| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo
  • Jogado com tacos e uma bolinha, críquete lembra o bete-ombro
  • Paquis­­ta­­nês Azhar Ali durante jogo com o Sri Lanka, clás­­sico no esporte

Um grande gramado, capacetes, luvas, tacos e uma rápida bola vermelha são os principais elementos de um esporte incipiente no país. Exótico seria um bom termo, porém não traduz com exatidão a baixa representatividade do críquete entre os brasileiros.

Assim mesmo, sem apelo algum, existe uma seleção pa­­ranaense da modalidade. Hoje, por exemplo, o grupo disputa em Curitiba as partidas finais do Campeonato Nacional do esporte, tido como o pai do lú­­dico bets, também chamado de bete-ombro.

No entanto, um detalhe chama a atenção no time que re­­presenta o estado. Basta ouvir os jogadores conversando en­­tre eles para perceber um sotaque diferente: um português com jeito gringo. E não é à toa. Mais de 80% da equipe é composta por atletas que não nasceram no Brasil.

A legião de estrangeiros in­­clui representantes de Aus­­trá­­lia, In­­glaterra, Canadá, Índia e Paquistão – países onde a modalidade é popular. São eles o único foco do curioso duelo – e tentam, claro, popularizá-lo nestas bandas.

O canadense Norman Bald­win, por exemplo, veio morar no Brasil há 17 anos, depois que se casou com uma curitibana. Na capital pa­­­­ra­­naen­­se, o atual técnico e também jogador da equipe ajudou a formar a seleção local, ativa desde 1998.

"Temos uma ótima mistura com estrangeiros no time. Bus­­ca­­mos treinar todos os domingos [em uma associação de um banco de Curitiba], mas dependemos do sol, o que nos prejudica muitas vezes", conta Baldwin.

Curitiba é uma das únicas três cidades brasileiras – ao lado de São Paulo e Rio de Janeiro – que possuem um campo adequado para os jo­­gos de críquete. "Em Brasília, também se joga. Não há um campo oficial, mas é utilizada a Es­­planada dos Mi­­nistérios para as partidas", diz o presidente da Associação Para­naense de Críquete, Marco Antônio John­son.

O número restrito de campos é uma dificuldade para a propagação do esporte. Outro fator negativo, segundo dirigentes e jogadores, é a falta de transmissões es­­portivas da modalidade, seja em tevê aberta ou canais fechados.

"Não passa na televisão, então a abordagem tem de ser outra. Te­­mos uma parceria com a prefei­­tu­­ra desde 2009 e fazemos palestras em escolas da cidade, distribuímos alguns kits para que os mais novos conheçam o esporte", se­­gue Johnson.

A internet também tem sido uma alternativa para os praticantes e para quem busca co­­nhecer mais sobre o críquete. No ano passado, por exemplo, o site Youtube fechou uma parceria para transmitir em tempo real as partidas do Cam­­peonato Nacional da Índia, país atual campeão do mundo.

"Eu nunca vi no Brasil um jogo de críquete na tevê, o que é uma pena. Então, a internet é uma al­­ter­­nativa", opina Bald­win. Du­­ran­­te a entrevista, o aficionado acompanhava pelo computador um dos principais clássicos da modalidade: Paquis­tão x Sri Lanka.

O torneio nacional em Curitiba será uma oportunidade de acompanhar a modalidade ao vivo. Além do Paraná, par­­ticipam da disputa São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. No campeonato, serão definidos os jogadores que vão integrar a seleção brasileira que participa do Sul-Americano de Críquete daqui a dez dias.

"Eu não vou mais para a se­­leção, estou com 53 anos, mas estarei junto com o time do Pa­­ra­­ná até o fim. Para mim, de­­pois de tantos anos, não tem jeito. Vou jogar até morrer", fe­cha o gringo-paranaense Baldwin.

Serviço

Torneio Brasileiro de Críquete: hoje, das 9h30 às 17 h na Associação Avelino Vieira (antiga Associação Bamerindus). Endereço: BR-116, 25.600 – km 118. A entrada é franca.

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