Relato
Veja como os jogadores de Togo reagiram ao atentado.
"Tínhamos acabado de cruzar a fronteira (entre o Congo e o território de Cabinda), e estávamos cercados pela polícia. Tudo estava normal, quando fomos metralhados. Todo mundo tentou se esconder embaixo dos assentos (...)
A polícia respondeu. Parecia uma guerra. Estamos chocados. Não queremos mais disputar a Copa Africana. Pensamos nos amigos, nos jogadores feridos."
Thomas Dossevi.
"Nós fomos metralhado como cães. Estamos chocados. Não é todo dia que jogadores de futebol são metralhados. Achávamos que uma coisa dessas só acontecia nos filmes. Não sei porque fizeram isso com a gente (...) Neste momento, pensamos nos nossos parentes e em quem amamos."
Alaixys Romao.
Um atentado terrorista ocorrido a 48 horas da abertura da Copa Africana de Nações colocou em xeque a segurança do torneio e acendeu o alerta para o Mundial que começa daqui a cinco meses na África do Sul. Uma pessoa morreu e nove ficaram feridas depois que o ônibus que transportava a delegação de Togo foi metralhado assim que cruzou a fronteira entre a República Popular do Congo, onde fez a sua preparação, e Angola, a sede da competição.
O ataque ao ônibus da delegação togolesa ocorreu na região de Cabinda, um enclave angolano entre a República Popular do Congo e a República Democrática do Congo o território é rico em petróleo e palco de conflitos separatistas. A cidade, inclusive, será a sede do Grupo B da Copa Africana, que conta com Togo, Costa do Marfim, Gana e Burkina Faso. E os rebeldes das Flec (Frente de Libertação do Estado de Cabinda) reivindicaram o atentado.
O motorista do ônibus, um angolano cuja identidade não foi revelada, morreu. O zagueiro Serge Akakpo, que atua pelo time romeno do Vaslui FC, e o goleiro Kodjovi Obilalé, do francês Pontivy, foram atingidos pelos tiros, mas, segundo as informações iniciais, não correm perigo de morte. Outras sete pessoas, entre dirigentes, médicos e membros da comissão técnica da seleção, também estão internados em um hospital de Cabinda. O atacante Adebayor, grande estrela do futebol de Togo, escapou ileso.
"Fomos metralhados como cães. Tivemos de ficar 20 minutos deitados sob os bancos", disse o meia Dossevi, que pertence ao Nantes, da França. "Estávamos cercados por carros da polícia que faziam nossa escolta e, de repente, homens encapuzados e armados até os dentes começaram a atirar. A polícia respondeu, e então nos sentimos no meio de uma guerra. Havia sangue por todo lado."
Pelo texto do comunicado divulgado pelos rebeldes, conclui-se que a delegação togolesa estava na hora errada e no lugar errado: "Às 15 horas desta sexta-feira o Flec promoveu um ataque contra as forças armadas angolanas que faziam a escolta da seleção de futebol de Togo". O grupo disse que o atentado foi "só o início" das ações que tomará durante a competição.
A Confederação de Futebol de Togo ainda não se pronunciou oficialmente se vai abandonar a competição, que começa amanhã a estreia togolesa está marcada para segunda-feira, contra Gana. Mas vários jogadores da seleção já revelaram o desejo de voltar para casa. "Seria melhor cancelar os jogos", afirmou o meia Alaixys Romao. Enquanto isso, declarações iniciais dos organizadores garantem que a Copa Africana acontecerá normalmente.
Reação inglesa
O ataque também preocupou os clubes europeus que cederam jogadores para a disputa da Copa Africana. Os dirigentes cobraram segurança dos organizadores da competição. O Portsmouth, da Inglaterra, foi quem demonstrou maior preocupação até agora cedeu Nwankwo Kanu (Nigéria), Aruna Dindane (Costa do Marfim) e Nadir Belhadj e Hassan Yebda (Argélia) para a disputa do torneio em Angola.
O Manchester City também se manifestou. "Estamos muito preocupados sobre esta situação", disse o clube inglês, que, além de Adebayor, terá o defensor Kolo Toure na equipe da Costa do Marfim. Já o Chelsea, que terá quatro jogadores na competição, declarou estar seguro quantos aos seus atletas.