Guarapuava teve um ano especial em um esporte pouco conhecido: o bicicross. Além do título paranaense por equipe, alcançou o bicampeonato brasileiro com Giovani Pereira (categoria Cruiser 17/24) e tem outros quatro representantes entre os melhores do Brasil. A temporada nacional, que terminou no dia 28 de novembro, em Jaraguá do Sul (SC), premiou a boa fase dos corredores da cidade e fincou Guarapuava no mapa do bicicross.Mas, afinal, qual o segredo da cidade? Nenhum. É o que garante o administrador da Equipe Guarapuavana de Bicicross, Felipe Maciel, mais conhecido como Paçoca. "Aqui não tem nada de especial, não tem apoio, não tem patrocínio, é tudo muito difícil. Temos que tirar dinheiro do bolso. É por amor mesmo", resume o "faz tudo" da equipe. Segundo ele, somente a prefeitura municipal apoia, até onde é possível, fornecendo transporte para as competições. "É pouco, mas ajuda", acrescenta.
O secretário de esportes de Guarapuava, Pablo Almeida, garante que o município faz o que está ao alcance. "Ajudamos em viagens para competirem nos campeonatos. A única coisa que não podemos fazer é comprar equipamento". Além disso, Almeida afirma que está buscando caminhos para enquadrar o bicicross da cidade na Lei de Incentivo ao Esporte, com o objetivo de garantir recursos para os corredores.
A iniciativa privada, que seria uma alternativa, também não dá suporte ao bicicross, ainda mais porque o futsal se tornou o centro das atenções das empresas locais nos últimos anos. Com mais visibilidade, a modalidade concentrou toda a verba destinada ao esporte na cidade. "Já fizemos projetos de tudo quanto é jeito, mas o dinheiro vai mesmo para o futsal", lamenta Paçoca.
O bicampeão brasileiro Giovani Pereira, 24 anos, engrossa o coro. "Vamos acabar perdendo pilotos", alerta o corredor, que precisa conciliar os treinamentos com a faculdade de Educação Física e o estágio. Em 2008, Pereira morou durante oito meses em Lages (SC), onde conseguiu apoio da empresa na qual trabalhava e da prefeitura, além da Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) que ajudava financeiramente a equipe do estado. "Aqui precisamos do apoio da Paraná Esporte, mas não temos", manda o recado.
Para o ano que vem, Pereira acredita que participará apenas do campeonato paranaense, pois não tem recursos para fazer viagens para as etapas do brasileiro. Neste ano, o piloto se beneficiou pois, das cinco etapas do nacional, três foram realizadas na região Sul, em Jaraguá do Sul (SC 2 vezes) e Sapiranga (RS). Não pode comparecer em Betim (MG) e ainda está pagando a viagem para Salvador (BA). "No ano que vem só terão etapas em lugares distantes e provavelmente não poderei participar. Pretendo correr só o estadual, mas também só se tiver condições de ir."
Se falta apoio, ao menos os corredores da cidade contam com uma pista qualificada em comparação com outras no Sul do país. "Da pista não podemos reclamar. É uma pista boa, com pulos técnicos e que dá um bom desempenho ao corredor", conta Paçoca. Por outro lado, Pereira comenta sobre a falta de estrutura para receber provas importantes. "O circuito é o melhor do Paraná, mas não tem água, energia elétrica, banheiros e arquibancada. A cidade merecia uma estrutura melhor."
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