A capital da oração se preparou para uma batalha. Hoje à tarde, a pacata Prudentópolis, com cerca de 46 mil habitantes, verá um efetivo inédito nos arredores do Estádio Newton Agibert. Policiais locais, de Guarapuava e de Ponta Grossa foram requisitados para fazer a segurança do confronto entre Prudentópolis e Operário. O aparato foi encomendado pelo mandante após a tensa semana que antecedeu o jogo do qual sairá um dos semifinalistas da Série Prata.
Ameaça anônima, disputa no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR) e descrédito na segurança pioraram o ambiente em dois dos clubes mais atingidos pelo escândalo da arbitragem no estado. De um lado o Operário, berço da revelação sobre o mensalão do apito. De outro o Prude, que pediu a eliminação do Fantasma e de onde partiram denúncias graves a respeito do suposto esquema.
O clima começou a esquentar com um telefonema anônimo feito à rádio CBN, de Ponta Grossa, insinuando risco a quem fosse ao jogo. O fato passaria quase despercebido se a ligação não tivesse partido de um orelhão instalado em frente ao estádio do Prude.
Para completar, os últimos dias foram marcados por uma batalha no TJD. A entidade tirou um mando de campo do Prudentópolis pela agressão de um jogador ao bandeira durante uma partida em Toledo. A comemoração do Operário por poder jogar num estádio neutro durou pouco. Na quinta-feira, o tribunal voltou atrás, devolveu o mando e puniu o Toledo.
"A imprensa e o pessoal do Ponta Grossa quiseram criar um clima de insegurança, de guerra dizendo que não tínhamos condições de receber o jogo. Um absurdo", disse o presidente do Leão da Serra, João Ituarte.
Para "calar" o adversário, o dirigente reforçou a segurança e prometeu um jogo pacífico. Mas não dispensou uma alfinetada. "Acho que uma vitória de Prudentópolis daria mais credibilidade ao campeonato e ao futebol paranaense. Vai saber se o Operário avançou por mérito ou se teve favorecimento da arbitragem", cutucou.
"Fomos atingidos direto por essa bomba, mesmo tendo feito um trabalho sério dentro de campo. Esse escândalo manchou o campeonato, tirou a credibilidade, mas o que eu quero é estar na Primeira Divisão", rebateu o técnico do Operário, Ricardo Pinto, que tentou blindar seus atletas do burburinho dos bastidores às vésperas do jogo no qual precisa apenas de um empate para passar de fase.
Apesar de tantos cuidados e da importância do confronto, a chuva ontem em Prudentópolis desanimou os organizadores e a expectativa é de um publico em torno de 2.500 pessoas. Em Ponta Grossa está programada uma caravana com cerca de dez ônibus para apoiar o Fantasma.