Guilheiro é prata, mas sente “gosto amargo”

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São Paulo - Leandro Guilheiro fez jus às expectativas do mundo do judô e chegou à final do Mundial de Tóquio na categoria dos meio-médios (-81 kg). O paulista de 27 anos terminou com a prata – seu primeiro pódio no torneio –, mas ficou insatisfeito. "É uma sensação estranha. Esta medalha teve um gos­­to amargo", disse, por telefone, após a derrota para o sul-coreano Jae-Bum Kim na prorrogação.

Depois de sete lutas – tendo perdido somente a última –, ele só queria dormir. "Quem sabe, amanhã [hoje], vou engolir um pouco melhor o resultado. Quero dar o valor que esta medalha realmente tem", ad­­mitiu. "Fiz uma boa temporada, ainda mais que acabei de subir de categoria."

Duas vezes medalhista olímpico – bronze em Ate­­nas-2004, com apenas 21 anos, e novamente em Pequim-2008 –, Guilheiro ainda não havia obtido sucesso em Mundiais. Em três participações, todas no peso leve (-73 kg), o sétimo lugar de 2005, no Egito, era a melhor. "Era algo que todos cobravam, não só eu. Fui me­­dalhista em vários eventos, só faltava o Mundial." Na verdade, os fracassos só haviam ocorrido em torneios adultos, já que foi ouro no Mundial Júnior da Coreia do Sul, em 2002.

Em dezembro passado, o judoca decidiu mudar de categoria. Estava com dificuldades para manter o peso devido a um intenso trabalho de fortalecimento muscular, necessário para a prevenção das lesões que o atormentaram entre 2003 e 2008. E não tem do que reclamar. Ganhou medalhas em praticamente todos os torneios que disputou no ano, que garantiram a terceira posição no ranking mundial dos meio-médios – a melhor entre os 17 brasileiros no Mundial. Posição fundamental para a conquista de uma vaga na Olimpíada de Londres-2012. Com a medalha de prata, deve assumir a vice-liderança.

Antes da derrota para o sul-co­­reano, ele venceu na semifinal o amigo Flávio Canto, de 35 anos, que não disputava um Mundial há sete. Canto ainda perdeu na se­­quên­cia para o britânico Euan Bur­ton e terminou em quinto lu­­gar. Entre os médios (-90 kg), Tiago Ca­­milo foi atrapalhado por uma le­­são na quarta luta e foi sétimo. Na mesma categoria, Hugo Pessa­nha parou na segunda rodada. Já Maria Portela (-70 kg) caiu na primeira.