De lenda do futebol turco a exilado político nos Estados Unidos, ganhando a vida como motorista de Uber e vendedor de livros na capital Washington. Este foi o altíssimo preço pago pelo ex-atacante Hakan Sükür por entrar em atrito com Recep Erdogan, presidente da Turquia.
A vertiginosa história é contada pelo próprio Sükur, em entrevista recente ao jornal alemão Welt am Sonntag. “Não tenho mais nada em nenhum lugar do mundo”, lamenta.
Maior artilheiro da história do Campeonato Turco, com 249 gols. Um dos ídolos máximos do Galatasaray, pelo qual conquistou 14 títulos. Maior artilheiro turco da Liga dos Campeões, com 22 gols. Líder da seleção que chegou às quartas de final da Eurocopa de 2000 e à histórica terceira colocação na Copa do Mundo de 2002.
No Mundial disputado no Japão e Coreia, anotou ainda o gol mais rápido da história das Copas: levou impressionantes 10,8 segundos para violar as redes da anfitriã Coreia do Sul, na disputa do terceiro lugar. No total, foram 51 gols em 112 jogos pela equipe nacional.
A vitoriosa carreira esportiva foi sucedida pela vida política. Após a aposentadoria em 2006, foi eleito membro do parlamento em 2011 pelo partido AKP, de Erdogan. No entanto, alvo de investigação por corrupção, deixou o cargo e o partido dois anos depois, em 2013. Em 2015, por supostas críticas feitas ao presidente turco no Twitter, teve que fugir do país natal. E perdeu tudo.
“O Erdogan tirou tudo de mim. Meu direito à liberdade, o direito de me explicar, de me expressar, de trabalhar. Não tenho mais nada”, conta Sükur, que diz ter tido todos os bens confiscados e o pai preso quando fugiu para os Estados Unidos. “Todas as pessoas ligadas a mim passam por dificuldades financeiras”, prossegue.
O pesadelo das defensivas adversárias ainda tentou tocar uma cafeteria na Turquia após os acontecimentos, mas decidiu fechá-la após seguidas ameaças de partidários de Erdogan. A loja de sua esposa, por sua vez, passou a ser apedrejada, enquanto os filhos eram assediados nas ruas.
Em 2016, foi classificado pelo governo turco como “membro de grupo terrorista armado”, por suposta participação em uma tentativa de golpe de estado e com possibilidade de condenação à pena de morte. Fugiu para os Estados Unidos, onde também trabalhou em um café.
“Qual teria sido meu papel? Ninguém consegue explicar”, rebate Sükur. “Não sou traidor ou terrorista. Sou um inimigo do governo, mas não do estado ou da nação. Eu amo meu país”, declara.
Assista abaixo ao gol de Sükur na Copa do Mundo de 2002
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