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Itália vira a "múmia"

A imprensa italiana anunciou ontem a decadência da mesma geração que trouxe o tetracampeonato em 2006. Após a derrota de 3 a 0 para o Brasil, os jogadores da Itália foram chamados de "múmias".

O Corriere dello Sport estampou "Vergonha" na sua capa, chamando o time de "grotesco". Já a Gazzetta dello Sport repetiu as críticas e soltou: "A um ano do Mundial, tudo tem que ser refeito".

O Corriere della Sera também se referiu à Azzurra lembrando os egípcios. "As múmias azuis ficaram imóveis dentro do sarcófago".

Johannesburgo - As piadas de brasileiros na internet sobre o seu inglês irritaram Joel Santana. Tanto ou até mais que as críticas que o treinador vem recebendo por seu desempenho à frente da seleção da África do Sul, que, na quinta, às 15h30, enfrenta o Brasil por uma vaga na final da Copa das Confederações.

Ontem, Joel evitou entrevistas formais. Mas, no caminho entre o campo que sua equipe treinou e o ônibus, respondeu à reportagem sobre ter virado um hit na internet – até uma música no estilo funk foi criada a partir de suas frases em inglês ditas em entrevistas após os jogos.

"Brasileiro gosta disso, de tirar sarro. Tem cara fazendo um monte de besteira, mas usa gravatinha e tem uma pastinha na mão, como brasileiro gosta", disse o treinador, dando a entender que é vítima de preconceito por seu tradicional estilo. Durante os jogos, ele sempre usa o agasalho da África do Sul e não abre mão da prancheta tática que virou sua marca.

Questionado se está fazendo aulas de inglês, Joel preferiu falar sobre o seu trabalho. "Eu aprendo (o idioma) no dia a dia. Meu negócio é produtividade, e isso estou fazendo", falou o treinador, que está em um dos cargos mais instáveis do futebol mundial – ele é o nono técnico da África do Sul apenas nesta década.

O treinador refutou a ideia de que está ameaçado no cargo pelo fraco desempenho de sua seleção na Copa das Confederações. Na primeira fase, o time fez apenas dois gols e só venceu a frágil Nova Zelândia. "Agora, está tudo bem", disse Joel.

Para os padrões da seleção, a pressão sobre o técnico é até suave. Ontem, no primeiro treino para a semifinal, eram poucos os jornalistas sul-africanos. Nos jornais locais, o futebol divide atenções com jogos da seleção sul-africana de rúgbi, o esporte favorito dos brancos.

Mas Joel já foi alvo de críticas pesadas. Um jornal classificou seus métodos como típicos de um "Fred Flintstone", o personagem de desenho animado que vivia na "idade da pedra". Os sul-africanos também se queixam de seu salário, de cerca de US$ 200 mil, considerado alto para os padrões locais.

Apesar das críticas, Joel desperta respeito nos jogadores brasileiros.

"Conheço muito bem o Joel, foi meu treinador no Flamengo. Dentro de campo é um dos caras mais sérios que vi no futebol. Fora dele, é um brincalhão. Os times dele sempre jogam com muita seriedade. Ele merece respeito", avisou o goleiro Júlio César. "Sabemos que a África do Sul tem um time de velocidade, correria mesmo. Até parece um pouco com o nosso futebol. Eles estão em casa. Não podemos vacilar", reforçou Robinho.

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