Habilidade ou menosprezo? O cartão amarelo aplicado pelo árbitro Héber Roberto Lopes ao atleticano Válber, no fim da partida contra o Paraná, pela Copa Sul-Americana, reacendeu uma questão que já havia virado alvo de discussão há quatro anos, curiosamente, em uma partida ocorrida também em Curitiba, no Couto Pereira.

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Na quarta-feira, contudo, novamente o lance se repetiu, só que desta vez o palco foi a Arena. Vencendo por 1 a 0, e sob os gritos de "olé" da torcida rubro-negra, o jogador atleticano parou na lateral esquerda de seu ataque, passou três vezes o pé sobre a bola e, quando a marcação chegava, foi parado pelo árbitro, que marcou falta técnica. Irritados, os jogadores do Paraná partiram para cima do adversário, mas tiveram os ânimos acalmados pelo cartão amarelo aplicado a Válber.

Um dia depois, procurado pela Gazeta do Povo, Héber Roberto Lopes resignou-se a responder que a marcação "está na regra" – referindo-se ao 12.º mandamento do livro de regras do futebol, que trata sobre atitude antiesportiva. Questionado sobre o comportamento de outros árbitros, que normalmente não assinalam esse tipo de infração, não quis comparações, dizendo apenas que esse é seu estilo.

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Mesmo não tendo assistido ao jogo, Edson Rezende, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, afirma que esse é um lance que é marcado para prevenir a violência e dependerá sempre da interpretação do árbitro.

"Tem uma corrente que é contra, dizendo que isso vai acabar com as jogadas bonitas. Mas há momentos que jogadas bonitas também são perigosas. As vezes o jogador adversário está perdendo, com os nervos à flor da pele, e um lance desses pode acabar em pancadaria", analisou o homem forte do apito nacional.

De acordo com o observador da Conmebol, Afonso Vítor de Oliveira, que estava no estádio, o árbitro agiu corretamente. "O jogador do Atlético menosprezou o rival. Não existe habilidade sem ninguém próximo. Assim até eu. Habilidade é o que o Robinho faz, que pega a bola e passa o pé por cima dela indo em direção ao adversário", diz.

De acordo com Oliveira, houve ainda um outro agravante no lance: "Ele (Válber) se empolgou com os gritos de olé da torcida, parou para passar o pé em cima da bola e chamou o jogador adversário com a mão".

No vestiário, segundo testemunhas, o juiz teria sido parabenizado pelo representante da entidade que comanda o futebol no continente.

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Mas o lance também mereceu críticas. Na hora, vários setores da mídia reprovavam a atitude de Héber. Entre eles o comentarista da Rádio Banda B e colunista da Gazeta Povo, Dionísio Filho, um dos mais indignados. "Achei abuso de autoridade. Não considero o lance antiesportivo. Se fosse, o Robinho teria de tomar cartão amarelo em toda a partida."