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Pioneiro no estado na especialização como gestor, Ocimar Bolicenho foi presidente do Paraná e hoje dirige o departamento de futebol do Atlético | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Pioneiro no estado na especialização como gestor, Ocimar Bolicenho foi presidente do Paraná e hoje dirige o departamento de futebol do Atlético| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Profissional, Campos Gerais aumenta presença

Dois clubes com gestores profissionais no futebol aumentaram de um para três o número de representantes dos Campos Gerais na elite paranaense. Adminis­trados nos moldes de empresa, Serrano e Operário sagraram-se campeão e vice da Divisão de Acesso.

A trajetória mais impressionante é a do time de Prudentópolis. Funda­do oficialmente em 2007, o Serrano conquistou, em série, os títulos da Taça Paraná amadora, da Terceira e da Segunda Divisão profissional. O clube foi concebido após os amigos Paulo Guedes e Florisval Cruz participarem de um curso de direito esportivo, em Curitiba.

Segundo Guedes, que também é vice-presidente do Serrano, o curso mudou a carreira dos dois, levando-os a trabalhar com o esporte e a ver o futebol de uma maneira mais profissional. "O curso foi importante para entender como funciona o futebol, a gestão de carreira de atletas, o conceito de ‘naming rights’", diz.

O Operário tem administradores com outra formação. Desde janeiro de 2008, o clube é conduzido por grupo gestor, composto por dois empresários, Franco Menezes (setor madeireiro) e Dorli Michels (loja de correntes). De acordo com Menezes, nenhum dos dois tinha experiência prévia com o futebol, nem fizeram curso de especialização em gestão de futebol.

"Nós levamos para o Operário o nosso modo de administrar as empresas", diz Menezes.

Experiência no gramado ou à beira dele. Mais do que a formação acadêmica, exigência recente do mundo da bola, parece ser essa a característica comum a quem gere o futebol dos 14 clubes do Campeonato Para­naense de 2010. Seja por já ter calçado chuteiras, forte no interior, ou pela prática na administração de equipes, mais presente na capital.

Duas vezes campeão estadual pelo Paraná como presidente, Oci­­mar Bolicenho, diretor de futebol do Atlético, começou a estudar administração esportiva no fim dos anos 90. Seu último trabalho como dirigente não remunerado foi no Trico­lor, em 2002. Depois, passou por clubes como Marília, Joinville e Santos, até chegar ao CT do Caju.

Diretor de futebol do Coritiba, Felipe Ximenes também migrou do meio acadêmico para a gestão profissional. Formado em Educação Física e com experiência como auxiliar técnico, desde 2002 ele atua como dirigente. Função facilitada pela experiência prévia à beira do gramado.

"Pelo fato de já ter trabalhado em diversas áreas, isso faz com que eu conheça os diversos setores dentro do clube. (A experiência) ainda ajuda a conhecer e lidar com os problemas do dia a dia", afirmou.

O Pa­­raná também aposta em um gestor profissional no trato mais próximo com os jogadores. Embora haja dois dirigentes eleitos na administração do futebol (o vice-presidente Aramis Tissot e o diretor de futebol César Augusto de Melllo), é Beto Amorim quem trata diretamente das negociações e acompanha o cotidiano do elenco. Capitão no último título do clube, o Para­na­ense de 2006, o ex-volante é formado em Análise de Sistemas e Edu­cação Física, atualmente cursa uma pós-graduação em gestão esportiva.

Casos como o de Beto, dos campos para o escritório do clube que defendeu, existem no interior também. Para Adir Kist, ex-goleiro e hoje gerente de futebol do Cianorte, sua carreira dentro do gramado também ajudou na hora de assumir o posto de dirigente do Leão do Vale do Ivaí.

"A experiência de jogador traz muitas vantagens: a gente entende os atletas, a estrutura do clube, o trato com a comissão técnica", afirma Kist, que não depende somente de seu conhecimento de jogador. "Já fiz várias especializações na área e in­­clusive participei do último Foote­con (Fórum Internacional de Fute­bol), em que vários palestrantes fa­­laram muito sobre gestão dentro do futebol", diz o ex-goleiro.

Há também o outro lado da moeda. Luiz Linhares, presidente do Engenheiro Beltrão, está à frente do clube desde 2003, mas não possuía nenhuma experiência no futebol antes do Engenheiro Beltrão. "O aprendizado veio do dia a dia, dos momentos diversos que vivenciei e que forçaram o meu amadurecimento (como dirigente)", revela Linhares, que ainda afirma que um curso de especialização só tem a ajudar, pois "o desporto exige demais do gestor".

Outro dirigente que depende dos conhecimentos do cotidiano de seu time é Lourival Furquin, diretor de esportes do Paranavaí. Furquin é taxativo a respeito dos cursos de es­­pecialização: nunca fez e nunca fará.

"Esses cursos não ensinam a você como gerenciar um clube de futebol. Eles ensinam a parte de marketing, mas o gerenciamento em si você aprende na prática", critica.

No Paranaense de 2010, também há o "dirigente de primeira viagem", como é o caso de Ney Victor, do Cascavel. Técnico do time de futsal da cidade há 12 anos, Victor foi convidado por empresários ano passado para assumir a presidência do futebol de campo. Mesmo sem vivência no gramado, Victor admite levar seu conhecimento das quadras para a grama. "Sei como tratar os atletas, posso passar essa experiência para a comissão técnica".

Para o presidente do Cascavel, toda e qualquer especialização é bem-vinda, mas a prática só é aprendida diariamente, pois todo dia é vivenciada uma situação diferente.

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