Hulk diz que se identifica com os manifestantes por ter "vindo de baixo"| Foto: Rafael Ribeiro / CBF

Demorou quase uma semana, mas enfim os jogadores da seleção falaram abertamente sobre os protestos populares que têm tomado as ruas brasileiras nos últimos dias. O zagueiro David Luiz e o atacante Hulk declararam seu apoio às manifestações na entrevista coletiva realizada no início da tarde desta terça-feira (18), em Fortaleza, rompendo o silêncio dos atletas sobre o tema.

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Hulk, que joga fora do país desde 2005 e atualmente defende o Zenit, da Rússia, enfatizou que os jogadores também se preocupam com o que acontece fora de campo e não só deu apoio a postura dos manifestantes, como disse que teve vontade de também ir para a rua. "Por vir de baixo e hoje, graças a Deus, estar em uma posição boa, bate um pouco a vontade de estar junto na rua. Eles têm total razão no que falam e faz sentido serem ouvidos. Sabem que o Brasil precisa melhorar muitas coisas. A gente sabe que é verdade e por isso sente também", reforçou o atacante.

David Luiz também viu com bons olhos a manifestação e espera que a partir dos protestos o Brasil possa ter avanços sociais. "Sou um brasileiro que vive fora, mas amo o meu país e espero que a situação possa melhorar. Sou a favor de manifestação pacífica, de o cidadão ter direito de expressar sua opinião. Só assim é possível enxergar onde estão os erros e melhorar", afirmou David Luiz, que morou em Portugal de 2006 a 2010, quando se mudou para a Inglaterra, onde defende o Chelsea.

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O zagueiro afirmou que todos os jogadores da seleção foram tocados pelas manifestações. "Somos profissionais, mas temos coração", enfatizou.

O jogador do Chelsea também se mostrou otimista com a possibilidade de os protestos levarem a melhoras sociais no país."Temos condições de se igualar a outros países em educação, saúde, menos violência. Basta o brasileiro estar unido e demonstrar o que é: patriota e que ama o país. Espero que possa se entrar em um consenso e ter um Brasil melhor", afirmou.

Até esta terça-feira (18), o discurso padrão da seleção sobre os protestos vinha sendo de afirmar que a equipe estava concentrada apenas no futebol. O técnico Luiz Felipe Scolari falou o mesmo, sistematicamente recusando-se a falar que questões extracampo, seja ligadas à política ou à organização da Copa do Mundo no Brasil.

Em Fortaleza, os protestos de segunda-feira tiveram como ponto final a porta do hotel em que a seleção está hospedada. Os manifestantes reclamaram dos gastos para o Mundial em prejuízo a melhorias sociais e, poucos minutos depois, deixaram o local de forma pacífica. Segundo Hulk, os jogadores não perceberam a chegada do grupo.

Em Brasília houve protestos na véspera e do dia do jogo com a Japão, na estreia da seleção brasileira, dia 15. Ato semelhante está marcado para ocorrer nesta quarta-feira, no Castelão, palco do jogo contra o México. Também há uma movimentação na internet para que torcedores cantem o Hino Nacional de costas para o campo na Arena Castelão antes da partida contra o México quarta-feira, às 16 horas.

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