Com o caixa apertado desde o rebaixamento em 2009, o Coritiba passou da euforia à decepção no fim de semana. A notícia da venda do lateral-esquerdo Adriano, formado no clube, do Sevilha para o Barcelona, chegou a ser divulgada como um alento financeiro. O vice-presidente Vilson Ribeiro de Andrade timidamente comemorou o possível aporte. Tudo em virtude do mecanismo de solidariedade do estatuto da Fifa, que beneficia o time formador. Mas coube ao diretor jurídico Gustavo Nadalin dar a má notícia: como o negócio é entre clubes do mesmo país, o Coxa não receberá nada.
A norma da Fifa destina 5% do valor da negociação aos formadores. "Mas o mecanismo se aplica apenas a transferências internacionais", confirma Luiz Felipe Guimarães Santoro, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD). "Isso é para proteger o mercado do terceiro mundo", diz Nadalin.
Os clubes nos quais o jogador atuar entre 12 e 23 anos fracionam proporcionalmente o percentual. "Foi o caso do Keirrison. Quando ele saiu do Palmeiras para o Barcelona, recebemos 3%, o CENE-MS ficou com 1% e o Palmeiras com 1%", relembra. A última transferência de Keirrison para o Santos, por ser um empréstimo, também não gerará lucro ao Coritiba.
Segundo o vice-presidente alviverde, "não é um dinheiro com o qual se conte". Mas o orçamento desse ano foi premiado com uma surpresa. "Recebemos de um garoto [o goleiro Rodrigo Café] que foi para Portugal." O valor seria próximo dos 250 mil euros.
Por isso, o departamento jurídico alviverde diz manter um arquivo com o destino dos atletas que passaram pelo clube.
"A gente recebeu até do [atacante] Anderson Gomes. É importante ter esse controle das saídas", afirma Nadalin, que brincou: "Agora estão falando na venda do Rafinha [do Schalke 04], que deve ficar pela Alemanha mesmo. Uma pena. Bem que poderia ser o Adriano indo para lá e ele indo para a Espanha."
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