O goleiro Marcos deixou o técnico Vanderlei Luxemburgo irritado com suas descidas ao ataque, no último domingo, no jogo contra o Grêmio. Nesta terça-feira, na reapresentação do time após a derrota por 1 a 0, o capitão palmeirense e o comandante da equipe devem aparar as arestas e, finalmente, conversar sobre o assunto. Luxemburgo deixou claro que não aprovou a atitude do goleiro - assim como ídolos da torcida palestrina ouvidos pela Agência Estado.
Com a experiência de seus 89 anos, Oberdan Cattani reprovou a atitude de Marcos. "Eu não iria para o ataque, não faria isso. Foi um desprezo com os companheiros de ataque", opinou. "Será que o Marcos saltaria mais alto do que os atacantes do Palmeiras e do que os zagueiros do Grêmio? Ele não é treinado para isso".
Apesar de dar sua opinião, Oberdan ficou com medo de uma reação do jogador. "Não posso falar muito do Marcos porque ele fica bravo e vira a cara para mim", comentou.
Com 351 partidas disputadas pelo Palmeiras entre 1941 e 1954, Oberdan defendeu Marcos quando o assunto foi o gol do Grêmio. "A posição de goleiro é muito ingrata. Tinha muita gente na frente dele. Acho que ele nem conseguiu ver a bola".
Agora técnico da Catanduvense, time da Série A-2 do Campeonato Paulista, o ex-goleiro Velloso não quis comentar sobre uma possível falha de seu ex-reserva. "Deixa para o Marcos e o Luxemburgo falarem a respeito". Mas ressaltou que o capitão foi um pouco precipitado ao deixar a meta para ir ao ataque. "Já cheguei a fazer isso, em um jogo contra o Grêmio, no Morumbi, mas foi em última instância. O Marcos foi muito cedo tentar o gol. Claro que ele poderia ser uma opção, é alto, mas o risco às vezes não vale a pena".
Marcos foi ao ataque pela primeira vez quando o cronômetro marcava 29 minutos do segundo tempo. Das quatro vezes em que abandonou o gol, as três primeiras foram em lances de bola parada. Na última, já perto dos 48 minutos, saiu correndo da meta enquanto a bola rolava.
Para o ex-meia Leivinha, a atitude de Marcos foi destemperada. "Na condição de capitão, é dele que se espera o equilíbrio. Não gostei da maneira como ele se comportou". Bicampeão brasileiro pelo Palmeiras em 1972/73, o ex-jogador lembrou que o goleiro quebrou a hierarquia em campo e que deixar o gol não seria a maneira correta de ajudar a equipe. "Futebol é conjunto. Eu entendo o lado humano, mas temos que pensar no profissionalismo. O que ele fez é atitude de jogo de várzea".
Companheiro de Leivinha na chamada Academia, Dudu também condenou o rompante de Marcos, ainda que veja boa intenção. "Como capitão, não poderia ter tido aquela atitude. Isso desequilibra o time". O antigo camisa 5 ressalta, contudo, que o assunto não pode virar polêmica. "Pode causar discórdia e até racha no elenco".
A torcida organizada Mancha Alviverde elogiou o goleiro. "Ele é palmeirense. O ataque não conseguia fazer nada, então bateu o desespero. Ele fez o certo", disse o diretor Luiz Carneiro Filho