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Eduardo Carneiro Leal (e), Marlos Simões e Cristiano Simões tiveram um aprendizado com os cubanos a ter orgulho pelo esporte | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Eduardo Carneiro Leal (e), Marlos Simões e Cristiano Simões tiveram um aprendizado com os cubanos a ter orgulho pelo esporte| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Um grupo de cinco boxeadores paranaenses teve, no mês passado, a rara chance de imergir por duas semanas na Meca do boxe mundial: Cuba. Treinar na ilha de Fidel Castro, no entanto, não foi apenas uma lição técnica de cruzados, diretos e ganchos com os donos de 32 medalhas de ouro em Olimpíadas. O maior exemplo do sucesso esportivo cubano se resume a treino duro, orgulho pela pátria e duros golpes de humildade extrema.

Imagine entrar na casa de um tricampeão olímpico, pan-americano e hexacampeão mundial e sentir, com as próprias mãos, o peso das medalhas douradas dele, e ainda assistir ao vídeo de seu casamento sentado no sofá como se fosse um de seus melhores amigos. Foi assim que os treinadores Eduardo Carneiro Leal, 32 anos, Cristiano Simões, 31, e o atleta Marlos Simões, 23, se sentiram ao visitar Félix Savón, um ícone do esporte mundial. E modelo de simplicidade.

"A primeira coisa que ele disse foi: ‘bem-vindo à minha casa, estou muito feliz por estarem aqui’. Só isso já valeu a viagem", conta Marlos. "Ele nunca tinha ouvido falar da gente e nos tratou como grandes amigos. Isso é o mais legal", emenda Leal, dono da academia Boxe Training, que comandou a viagem-estágio, que contou com mais dois alunos de Curitiba.

No período de treino com a seleção juvenil e cadete da ilha caribenha – o time olímpico fica totalmente isolado –, os paranaenses conheceram a fundo como funciona o segundo principal esporte do país – atrás apenas do beisebol. Se as cinco décadas de embargo norte-americano ainda mantêm a economia de Cuba no século passado, no esporte o país é uma potência, mesmo sem as melhores condições para se desenvolver.

"Os equipamentos de treinamento são básicos, simples. Saco de areia, peso feito de garrafa pet com areia...", descreve Leal. "Mas eles treinam muito. Cada coisa lá é feita com muito sacrifício. Treinam na chuva, no sol, descalços. Um tapa na cara em qualquer um no Brasil", atesta Cristiano.

Apesar de ter maior potencial de talentos por causa da população quase vinte vezes maior, o Brasil tem muito a aprender com os cubanos. Um das lições está no orgulho patriótico, independentemente do apoio ou não ao regime.

"Compramos uma bandeira cubana, tiramos uma foto na rua e fomos dobrá-la para guardar na mochila quando, do nada, um cidadão parou na nossa frente, tirou a bandeira das nossas mãos e chamou um policial. Eles nos ensinaram a dobrar e disseram que aquele era o país deles, que eles tinham orgulho", relembra Leal, que voltou com a certeza de que há muito a fazer por aqui.

"Tive a honra de treinar com o Félix Mario Savón, o filho do campeão. Com 16 anos ele é campeão pan-americano, tem meu tamanho (1,96 m) e 100 lutas a mais do que eu. E ainda o talento genético", completou Marlos, feliz por ter trocado socos com um possível medalhista olímpico no futuro, cujo segredo para ser campeão já vem de berço. "Treino e humildade", revela o Savón pai.

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