A saída do médico Jonathan Zaze, do Paraná Clube, não foi a gota, mas sim a tromba d'água que fez transbordar a paciência dos torcedores, já habituados com o mau tempo que cobre a nação tricolor. Zaze pediu demissão porque não havia dinheiro para o medicamento básico – anti-inflamatório, iodo, água benta, por aí. A falta de remédio, assim como a falta de comida, simplesmente atinge a dignidade em todos os seus níveis. É o elementar do elementar. O mínimo do mínimo. Seja numa pequena tribo, na grande família, cidade ou país.

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Como se chegou a esta situação? Quem é o culpado pela calamidade que veio a público? Seria o atual presidente Rubens Bohlen? Dirigentes anteriores? Penso que não é por aí que se deva começar a assepsia geral para salvar este paciente, que agoniza entupido de sondas por todos os lados. Não é hora da caça às bruxas. Salvar o doente, neste momento delicado, é o que importa. Descobrir quem provocou a enfermidade é caso para ser resolvido numa outra esfera, debaixo de céu aberto, quiçá, na bonança.

Já vi quadro como este, ou até pior, em vários clubes. O próprio Ferroviário de Hipólito Arzua, e o Atlético de Jofre Cabral. Ambos os clubes haviam recebido a extrema-unção. Seus presidentes, entretanto, acima dos padrões hoje rotulados de politicamente correto, arrancaram o soro, fugiram da UTI, restabeleceram e ganharam credibilidade e títulos para seus clubes.

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No futebol, clube de grande torcida não morre. É diferente de empresas tradicionais que acabam – caso do Banestado, Prosdócimo, HM, etc – e o cliente migra para outra instituição, sem nenhuma saudade.

No futebol é diferente. Uma grande torcida jamais vira-casaca. E é por isso que um grande clube não desaparece. Mesmo alguns de médio porte, como Guarani, Portuguesa, América-MG, tiveram quedas verticais, mas não sumiram. E, nenhum deles tem a envergadura do Paraná Clube.

O que mais se ouve por aí é que o Paraná vai quebrar. Isso não existe. Na prática, o clube precisa, a toque de caixa, de uns R$ 10 milhões para tratamento imediato. Não é um valor absurdo. Ato contínuo, o passo mais importante é mudar o conceito embriagador dos anos 1990, onde o êxito pelos títulos alcançados, obnubilou a todos, e o Paraná perdeu o bonde que deveria levá-lo ao top ten dos clubes brasileiros. Teve medo de crescer mais ainda.

Como retomar o caminho? Acho retórico esse negócio de "choque de gestão", "modernização do aparato institucional", coisa que o valha. Na prática, o Paraná precisa de alguém que bata forte na mesa (que falta os paranistas devem sentir de Valdomiro Perini!) e reponha não apenas uma simples caixa de medicamentos, mas sim, que restabeleça a saúde financeira que sempre fez parte do seu DNA, e não tenha medo de ser feliz.

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