Curitiba é a vice-lanterna no ranking de investimentos a serem recebidos pelas cidades-sede da Copa de 2014: estádio quase pronto (a Arena), é apontado como exemplo da boa estrutura da capital paranaense| Foto: Daniel Derevecki/Arquivo/Gazeta do Povo

Personagem

Justiça absolve Ricardo Teixeira

O presidente da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa de 2014, Ricardo Teixeira, livrou-se ontem de uma nova ação na Justiça resultante da CPI do Futebol, concluída pelo Senado em 2001. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio) decidiu pelo trancamento de uma ação penal movida desde 2008 pelo Ministério Público Federal contra Teixeira.

O dirigente era acusado pela procuradoria de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A acusação sustentava que o cartola havia criado a empresa Sanud, em Liechtenstein, para lavar dinheiro.

A defesa de Teixeira, que nega todas as acusações, pediu o cancelamento da ação, com o argumento de "inépcia da denúncia" e "ausência de justa causa". Na prática, nega que a empresa Sanud era de Teixeira.

A CPI do Futebol, em 2001, detectou repasses de R$ 2,9 milhões entre 1995 e 1999 da Sanud para empresas de Teixeira. A BBC denunciou, na semana passada, que a Sanud recebeu US$ 9,5 milhões em propinas da ISL – agência de marketing ligada à Fifa, que faliu. O pedido da defesa foi aceito hoje pelo TRF. A acusação ainda pode recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas mesmo a Procuradoria descarta tal possibilidade.

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A organização da Copa de 2014 te­­rá um impacto econômico de R$ 183,2 bilhões no Brasil. A estimativa é baseada em estudo feito em março pelo governo federal e anunciado ontem, no Rio, pe­­lo pre­­­sidente do Ban­­co Nacional de Desenvolvi­­mento Econômico So­­cial (BNDES), Lu­­cia­­no Coutinho. O aporte financeiro se divide em in­­vestimentos diretos (R$ 47,5 bi­­lhões) e indiretos (R$ 135,7 bi­­lhões).Curitiba deverá receber 4% do total aplicado diretamente no país, ou seja, cerca de R$ 1,8 bilhão. En­­tre as 12 ci­­dades-sede, só fica à frente de Por­­to Alegre, cuja soma atinge R$ 1,6 bilhão. São Paulo (R$ 11,7 bi) e Rio (R$ 9,4 bi) serão as mais be­­neficiadas – a relação inclui investimentos em infraestrutura, serviços, turismo e consumo.

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Seguindo a metodologia aplicada na pesquisa, que aponta investi­­­mento indireto aproximadamen­­te três vezes maior, a tendência é que a cidade capitalize R$ 5,4 bi­­lhões com os eventos Fifa – in­­cluin­­do a Copa das Con­­federações em 2013.

Os números vão ao encontro dos cálculos da prefeitura. De acordo com o Poder Executivo mu­­ni­­cipal, as cifras podem bater na casa dos R$ 2 bilhões dependendo do investimento do setor privado em áreas como turismo, hotelaria e serviços. Até o momento, Curi­­ti­­ba tem garantido R$ 211 milhões, que virão do governo federal via PAC da Copa.

A contrapartida do município é de R$ 11 milhões. Outros R$ 32,5 mi­­lhões serão aplicados pelo go­­verno do estado – neste caso o Pa­­lá­­cio 29 de março ficará encarregado de acrescentar mais R$ 15 mi­­lhões à soma.

"O Mundial vai deixar um le­­gado importante para Curitiba, principalmente nas questões de mobilidade", afirmou, por meio da asses­­soria de imprensa, o prefeito Luciano Ducci.

"O valor [do retorno] é imensurável. O nome de Curitiba já começa a se espelhar pelo mundo. Ja­­mais qualquer cidade do mundo teria dinheiro para contratar uma mídia deste porte", acrescentou Luiz de Carvalho, gestor do município para assuntos relacionados à Copa. Otimista, ele diz acreditar que até 100 mil turistas podem passar pela capital paranaense du­­rante os 30 dias em que a bola estiver rolando no torneio Fifa. Pa­­ra efeito de comparação, o governo federal trabalha com a possibilidade de receber 600 mil visitantes estrangeiros – o turismo interno chegaria a 3,1 milhões de pessoas. "Muita gente de outros países da Amé­­rica do Sul passará por Curi­­tiba obrigatoriamente", disse.

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Já em relação à vice-lanterna no ranking de investimentos, os políticos locais não demonstram preocupação. Pelo contrário. Creditam a baixa soma à qualidade urbanística da cidade. "Isso é natural, está dentro da normalidade. É só pensar que o estádio [Arena] está quase pronto", explicou Algaci Túlio, se­­­cre­­tário estadual para a Copa 2014.

Ontem, por uma questão protocolar, a Assembleia Legislativa aprovou em terceira discussão o uso do Fundo de De­­sen­­volvi­­men­­to Econômico (FDE) do estado na en­­genharia financeira que viabilizará a remodelação do estádio atleticano. Os deputados autorizaram também a isenção de im­­postos para "fatos geradores" da Copa. Só falta agora a sanção do governador Orlando Pessuti para que entrem em vigor.

Consultoria faz previsão menos otimista

A consultoria Ernest & Young, em parceria com a FGV projetos, também elaborou um estudo sobre os impactos socieconômicos da Copa no Brasil. Os números do levantamento, realizado em junho, divergem em relação aos apresentados pelo governo federal [leia mais ao lado]. Para a empresa, o país movimentará R$ 142,3 bilhões adicionais no período 2010-2014 –

R$ 112,7 bilhões de forma indireta e R$ 29,6 bilhões de forma direta. De acordo com a análise, do total de investimento indireto, 42% virão do setor público.

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Em relação à pesquisa divulgada ontem pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico So­­cial (BNDES), Curitiba cai uma po­­sição no ranking das cidades que mais receberão recursos, assumindo a lanterna. A previsão da Ernest & Young é que o montante destinado à capital paranaense seja de

R$ 720,2 milhões, o que geraria um impacto direto no Produto In­­ter­­no Bruto (PIB) de R$ 343,2 mi­­lhões.

Ainda segundo a consultoria, a organização do Mundial resultará na criação de 3,63 milhões de em­­pregos-ano e em R$ 63,4 bilhões de renda para a população.