Rio Faltam apenas 24 dias para Lars Grael assumir a Federação Brasileira de Vela e Motor (FBVM). Para ele, é muito tempo. O novo presidente da entidade teme que se até a sua posse, no dia 1.º de janeiro, não houver um acordo para o seguimento da obra na Marina da Glória, o palco da vela no Pan de 2007 estará comprometido.
O imbróglio para a construção será o primeiro nó a ser desatado pelo dirigente à frente da modalidade mais vitoriosa do país em Olimpíadas: 14 pódios, com os quais colaborou em Seul-88 e Atlanta-96.
"Se as obras não andaram até agora, acho que não andarão mais. Isso compromete inclusive as pretensões do país numa candidatura olímpica", lamentou ontem, após mais um dia de regatas no Match Race Brasil, principal torneio barco contra barco do país. Ele compete ao lado de Alan Adler, seu futuro vice-presidente de vela na FBVM.
Além dos atrasos, as obras foram paralisadas na segunda-feira pelo Ministério Público. A alegação é de danos ao meio ambiente no local, tombado pelo patrimônio histórico. "Que se corrija o projeto. Mas faltam conversa e uma cultura náutica no país", completou.
Um dos motivos para essa ausência de cultura é a elitização da modalidade. Lars planeja tornar o esporte mais acessível através de projetos sociais e com eventos como o Match Race Brasil.
"Desde que começou, há três anos, houve uma aproximação do público e da mídia. Os patrocinadores também vieram por causa dessa visibilidade", analisou ele.
Outro desafio do futuro presidente é a renovação na vela. "Desde Seul (88) o país conquistou dez medalhas olímpicas, comandadas por apenas três velejadores." Além de seus dois bronzes, incluem-se as cinco medalhas conquistadas pelo irmão Torben Grael, ao lado de Marcelo Ferreira, e as três de Robert Scheidt.
Mas Lars sabe que a sua gestão dificilmente repetirá esse desempenho. "Será uma campanha auto-excludente", comentou, sobre a decisão de Scheidt de migrar da classe Laser para a Star. Para não perder um dos dois ícones da modalidade, Lars sugeriu seletivas separadas em caso de tropeço, Scheidt poderia voltar à Laser. A sugestão já gerou polêmicas no meio da vela. Mais um desafio do futuro presidente.
A jornalista viaja a convite da Vela Brasil.
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