O meia indiano Romeo Fernandes, de 22 anos, será o 34.º estrangeiro contratado em gestões do presidente Mario Celso Petraglia no Atlético. Nos últimos 20 anos em que se alternou no poder do Rubro-Negro, as mais variadas parcerias foram firmadas para intercâmbio de jogadores.
O acordo que trouxe asiático pode não ser o mais comum de todos, mas tampouco é o mais alternativo. O Atlético é parceiro da Liga Indiana e chegou a mandar cinco jogadores para a disputa do campeonato local em janeiro. A contrapartida foi a vinda do meia, destaque do FC Goa, time dirigido por Zico. Jogadores de outras praças com pouca tradição , como Bósnia, Emirados Árabes e Hungria tentaram a sorte na Baixada.
A presença de estrangeiros, no entanto, é bem mais antiga que Petraglia. Em 1943, o atacante paraguaio Aveiros “puxou a fila”. Ao todo, 46 jogadores e treinadores, de 16 nacionalidades diferentes, tiveram a chance de vestir camisa atleticana. Foram 16 meias/volantes, 14 atacantes, 6 zagueiros, 4 goleiros, 4 técnicos e 2 laterais.
Quatro destes estrangeiros vieram antes da década de 90. A partir da chegada de Petraglia os intercâmbios se intensificaram até chegar a 34 jogadores. Os oito restantes nesta conta foram trazidos na gestão de Marcos Malucelli, de 1999 a 2011.
O lateral Luisinho Netto, que jogou por duas vezes no Atlético, lembra da chegada dos dois primeiros gringos da década de 90: os poloneses Nowak e Piekarski. Segundo o ex-jogador, eles rapidamente ganharam o carinho da torcida e o respeito dos companheiros. Distribuíam altas gorjetas e elogiavam o jeito brasileiro de servir.
No carnaval de 96 os jogadores foram liberados pelo técnico Abel Braga e alguns seguiram em caravana para Caiobá. “No meio da descida da serra, o Nowak encostou o carro do nada. De repente saiu a mulher dele correndo para o meio do mato. Fomos até ele, que disse com um baita sotaque: ‘Mi esposa, vontade número 1’. Rimos disso durante o ano todo”, contou Netto.
Na mesma época o Atlético surpreendeu e apresentou o zagueiro bósnio Pintul. Foi uma passagem rápida, marcada pelos relatos tristes das guerras em seu país.
“Conversávamos bastante na época e ficávamos muito triste pelas coisas que ele contava, das guerras e miséria do seu país. Ele tinha qualidade, mas precisou voltar justamente por causa da família”, lembrou Alberto Valentim.
O volante Cocito era da mesma época do húngaro Roland Tüske, mas não tem cerimônia ao falar que mal lembra do jogador.
No entanto, recorda-se de um talento oculto do lateral Marín. “Ele era pizzaiolo. Tinha uma pizzaria na Colômbia inclusive. Uma vez fomos na casa dele e ele mesmo fez as pizzas. Ficou boa. Com cerveja ficou melhor ainda”.
Em 2008 o Atlético, na tentativa de ganhar a simpatia de potenciais patrocinadores, apresentou o jovem Al Kamali como reforço. O jogador ficou no CT do Caju por um ano. “Era uma comunicação difícil no começo, mas ele aprendeu rápido o português”, lembrou o meia Netinho, hoje no J.Malucelli.
“Dificilmente ele ia para o jogo. Era um cara bacana. Super religioso. Chegava a perder treino para rezar segundo as crenças dele”, acrescentou Jorge Preá, do Cascavel. Geninho, o técnico que deu a chance para Kamali, lembra do atacante. “Ele evolui bastante desde que chegou. Era inteligente e pegava rápido as coisas. Em um dia, por jogadores machucados, ele teve a sua chance. Foi importante para ele”.
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