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O pagode com Arlindo Cruz acontece na quinta | Reprodução www.tcvultura.com.br/bembrasil
O pagode com Arlindo Cruz acontece na quinta| Foto: Reprodução www.tcvultura.com.br/bembrasil

Animais selvagens, ambiente inóspito e o perigo das águas turbulentas do encontro de correntes fluviais e marítimas – fenômeno conhecido como pororoca. É nessa atmosfera hostil que o surfista curitibano Serginho Laus – apelidado pelos caboclos do Norte do Brasil de "índio branco", graças à pele dourada pelo sol, o cabelo loiro e o amor pela mata – busca novos recordes e emoções. "Surfar no meio da floresta é algo incomparável, não tem nada igual", exalta o aventureiro de 27 anos, sete deles dedicados à pororoca.

Sua última façanha aconteceu há três semanas, no Rio Araguari, no Amapá, quando registrou uma nova marca: a mais alta onda de pororoca já surfada, com quatro metros de altura. Era mais uma tentativa (na quinta expedição realizada somente este ano) de bater um outro recorde: a mais longa onda dropada do mundo, proeza que há dois anos já é sua e lhe rendeu o direito de gravar o seu nome nas páginas do Guinness Book, o Livro dos Recordes. "Estava surfando há 25 minutos, mas a onda começou a crescer e chegou a quatro metros de altura, quebrando seis minutos depois. Com os 31 minutos de onda não consegui alcançar a minha marca, mas em compensação registrei outra com nossas câmeras", comemora o curitibano que, ao passar tanto tempo dropando a mesma onda, experimenta o êxtase sonhado por qualquer surfista.

A primeira aventura na selva aconteceu em 2000, quando Serginho – que chegou a correr circuitos amadores de surfe – aceitou o convite de um amigo para encarar a pororoca da selva amazônica. "Com a proposta de fazer um trabalho voltado para a comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil, conseguimos patrocínio para as passagens aéreas e nos tornamos a segunda equipe a filmar o surfe na pororoca", lembra. Mas o que no início era apenas curtição e prazer de viajar e conhecer lugares diferentes, logo se transformou em "fissura", como admite o próprio surfista. Aos poucos, Serginho se tornou expert no exótico surfe e experimentou aventuras em águas francesas e a superação de marcas impressionantes.

Exemplo aconteceu em 2005, também no Amapá, quando o "índio branco" percorreu com sua prancha nada menos que dez quilômetros e 100 metros na água e ficou 33 minutos e 15 segundos surfando a mesma onda, ultrapassando em um quilômetro o recorde anterior, que já durava nove anos e pertencia a um inglês. Mas ele não quer parar por aí.

"Quero chegar a 45 minutos e ir para a China, que tem uma pororoca violenta, mas ainda preciso de autorização para surfar lá. Estou há dois anos atrás disso. Talvez em setembro eu finalmente consiga ir. Já obtive até o patrocínio de uma produtora de vídeo norte-americana", destaca.

Segundo o surfista, algumas expedições chegam a envolver 25 pessoas, entre cinegrafistas, fotógrafos, bombeiros, auditores do Guinness, cozinheiros, pilotos de barco, lancha e jet ski, entre outros. A "brincadeira" não custa pouco: uma expedição considerada pequena chega a quase R$ 50 mil. Mas Serginho garante que vale a pena. "Oferecemos aos patrocinadores um retorno de mídia e imagem, envolvendo o aspecto ambiental e o mito da pororoca. Isso faz com que as pessoas se interessem em conhecê-la, seja para surfar, seja para simplesmente ver."

Além de recordes e muita adrenalina, as diversas expedições ao Maranhão, Pará e Amapá (terras das pororocas) renderam também várias histórias. "Em 2001 estávamos divididos em duas lanchas em um rio no extremo Noroeste da Ilha de Marajó quando naufragamos. Uma das lanchas foi parar no fundo do rio e deixou sete pessoas na água", recorda. "A lancha que sobrou nos levou até a margem. Andamos na selva até encontrar um ribeirinho que morava por lá. Ficamos na casa dele até chegar o resgate", conta o curitibano, que na ocasião ficou dois dias tomando água do rio e comendo carne de capivara caçada pelo ribeirinho, de quem usou peças de roupa emprestadas. "Se não fosse ele estávamos ferrados. Ainda bem que na mata há muita solidariedade. Quando chegou o resgate com vários sanduíches quase fomos à loucura", se diverte Serginho ao lembrar da presepada.

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