No formato arena, a nova casa gremista tem capacidade para mais de 60 mil torcedores| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Bilheteria

Estratégia é setorizar a Arena para amenizar valor do ingresso

Estádios modernos levam, inevitavelmente, a ingressos mais caros. Quebrar essa lógica é um dos desafios do Grêmio na gestão da sua arena, inaugurada ontem ao custo de R$ 540 milhões para 60 mil lugares, com uma pomposa cerimônia remissiva à história do clube, sucedida de um amistoso contra o Hamburgo, da Alemanha – mesmo adversário no título mundial de 1983.

A setorização do estádio é a principal estratégia. Ao mesmo tempo que ostenta luxuosos camarotes, há um espaço sem cadeiras e degraus mais baixos, onde pode ser praticada a "avalanche", tradicional comemoração da torcida tricolor.

"Tivemos a preocupação de que a Arena não fosse um instrumento de elitização da torcida. Há espaços para atender aquele torcedor de pay-per-view, que não vai ao estádio porque não tem garagem para o carro, mas tem o setor da avalanche, sem cadeiras e que será mais barato. É uma tendência iniciada na Europa por causa da crise econômica", explicou Eduardo Antonini, presidente da Grêmio Empreendimentos.

Ao menos para a inauguração, os preços foram salgados – de R$ 96 (avalanche) a R$ 960 (camarotes). Não há projeção de preço para 2013. Contudo, há uma predisposição dos sócios em gastar mais no novo estádio. Segundo levantamento do Grêmio, 80% dos 30 mil sócios que migraram para planos da Arena escolheram pacotes mais caros. E a procura continua alta. "Quem não for sócio verá a Libertadores de casa", alertou o dirigente.

CARREGANDO :)

3 shows

Apontada como uma das principais fontes de receita sempre que se fala em arenas multiuso, a realização de grandes shows não será tão constante na Arena do Grêmio. A OAS Arenas projeta que o estádio irá abrigar três grandes atrações musicais em 2013, média que deve ser mantida nos anos seguintes. Curiosamente, o último evento do Estádio Olímpico, hoje, será um show da cantora Madonna.

Publicidade

A OAS Arenas está realizando estudos de viabilidade para a construção de um estádio para o Coritiba. A revelação foi feita por Carlos Eduardo Paes Barreto, presidente do braço para praças esportivas da construtora, na sexta-feira, logo após um evento para a imprensa nacional de pré-inauguração da Arena do Grêmio, aberta oficialmente na noite deste sábado.

A primeira menção ao time paranaense foi feita pelo presidente gremista, Paulo Odone, durante a entrevista coletiva. O dirigente disse ter sido procurado pelo presidente alviverde, Vilson Ribeiro de Andrade, em busca de informações sobre o projeto conduzido pelo clube gaúcho e a OAS. Depois, tanto Odone quanto Barreto deram à Gazeta do Povo detalhes das conversas.

"O Vilson pediu referências do projeto do Grêmio com a OAS e abrimos todos os detalhes, deixamos à disposição do Coritiba", afirmou Odone. "Estamos desenhando um projeto e buscando viabilização. Precisa achar terreno, haver um entendimento com o poder público. O Coritiba está vendo possibilidades, olhando o que o Atlético está fazendo. É importante essa rivalidade, um puxa o outro a oferecer mais para o seu torcedor", acrescentou Barreto.

A OAS apresentou um projeto para conclusão da Arena da Baixada, rejeitada em prol de uma autogestão da obra. "Não guardamos mágoa do Atlético pois perdemos para o clube. A melhor proposta externa era a nossa", afirmou Barreto.

A justificativa do Atlético foi a de manter o controle sobre as receitas do estádio, que serão captadas com o auxílio da empresa norte-americana AEG. Pelo contrato firmado entre as partes, a parceira embolsará de 9% a 12% da receita, pelo período de dez anos. No acordo entre Grêmio e OAS, o rateio é 35% para a construtora e 65% para o clube, por 20 anos.

Publicidade

É exatamente essa partilha que deixa o Coritiba receoso quanto a reproduzir o projeto gremista, com a cessão do Couto Pereira à OAS em troca de um estádio novo, em outra região da cidade. "Esse modelo não serve ao Coritiba. Para fazer estádio hoje é preciso um estudo cuidadoso e um projeto que não comprometa o futuro do clube. Não queremos ficar vinculados 20, 30 anos a uma empresa. E quem quer investir em estádio quer retorno", disse Vilson Ribeiro de Andrade, que confirmou ter pedido detalhes do projeto gaúcho a Eduardo Antonini, presidente da Grêmio Empreendimentos.

O dirigente coxa-branca ainda lembrou que o clube investiria apenas recursos próprios em uma eventual construção de estádio novo. No caso do Grêmio, houve uma série de benefícios públicos, de isenção fiscal a alteração da lei de zoneamento e doação de terrenos originalmente da prefeitura de Porto Alegre, que tornaram o negócio mais atraente para a OAS.

"Não tenho necessidade imediata de fazer estádio novo. Hoje a nossa prioridade é melhorar o Couto Pereira", acrescentou Vilson.

Em outubro, o clube anunciou a construção do novo setor da Rua Mauá, com camarotes e cabines de imprensa. Segundo o dirigente, o projeto está na fase de aprovações junto à prefeitura, necessárias para o início efetivo da obra.

O jornalista viajou a convite da Arena Porto-Alegrense

Publicidade