Burocracia contribui para retração
O atual sistema de captação de investimentos em Londrina também é, para o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Moacir Sgarioni, culpado pela retração nos números. "É muito burocrático. Precisamos de uma concepção de industrialização diferente, mais simpática, mais ágil", avalia.
Além disso, Sgarioni acha que falta à gestão londrinense criar uma agenda mais positiva que, possa ser divulgada. "É preciso mostrar à imprensa, acostumada a procurar o negativo, os pontos positivos da cidade, que também existem", sugere. "Na Gleba Palhano, há mais prédios em construção do que em toda Maringá", exemplifica.
O presidente da Acil, Flávio Balan, concorda que é preciso uma nova política de industrialização em Londrina. Segundo ele, a doação de terrenos incentivo tradicional na cidade é estímulo ultrapassado. "O terreno representa muito pouco no orçamento de uma nova empresa", justifica.
Para Alexandre Kireeff, é previso investir na ofeta de serviços
O candidato à prefeitura de Londrina Alexandre Kireeff (PSD) acredita que é preciso investir na oferta de serviços que atendam as expectativas do empreendedor, além de criar condições e vantagens comparativas. "Também vamos ter um foco importante na pequena empresa", promete. Entre suas propostas para atrair investimentos estão a viabilização da construção de um centro de convenções, a implementação de um plano de desenvolvimento industrial, a consolidação de Londrina como destino turístico cultural e de negócios.
Marcelo Belinati propõe criação de parque industrial
O candidato do PP à prefeitura de Londrina, Marcelo Belinati (PP), pretende criar um novo parque industrial, viabilizando a área a ser ocupada e a infraestrutura necessária. Além disso, a burocracia deve ser extinta em muitos processos. "O Marcelo fala muito da desburocratização da prefeitura, para facilitar a tramitação dos projetos, a liberação de licenças e documentos", explica Rosa. Também estão nas suas propostas a construção de um centro de convenções e o fortalecimento da Companhia de Desenvolvimento de Londrina (Codel) para a captação de novas indústrias.
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Antes vista como símbolo do progresso, Londrina, no Norte do Paraná, tem sido pouco eficiente na atração de novos investimentos nos últimos anos. O cenário de instabilidade política provocada por uma sequência de crises, a demora na aprovação do Plano Diretor de Londrina e a agora extinta Lei da Muralha são apontados como os grandes culpados pela retração.
Os números registrados pela Junta Comercial do Paraná (Jucepar) confirmam: a criação de novos empreendimentos vem caindo ano após ano em Londrina. De 2009 a 2011, a queda foi de 9,6%. No primeiro semestre de 2012, foram criadas 1.619 empresas, 14,5% menos do que no mesmo período do ano passado. Para agravar ainda mais a situação, vem crescendo também o fechamento de empreendimentos na cidade. "Estamos perdendo empresas que estão indo para cidades vizinhas, como Ibiporã e Rolândia", conta o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Flávio Balan.
Esse balanço é o pior dos últimos três anos. É o pior também entre as cidades da região. Na média, Londrina está perdendo, por exemplo, para Rolândia, que teve 7,56% de aumento no número de novas empresas.
Especialistas e setores organizados da sociedade são unânimes ao apontar que a principal razão para essa retração é a instabilidade política. Nos últimos 12 anos, Londrina teve dois prefeitos cassados, uma renúncia, um inédito terceiro turno e vários escândalos políticos. "Falta estabilidade política, segurança jurídica, respeito ao patrimônio público. Falta uma política de incentivo definida", avalia Balan.
Plano Diretor
A ausência de um Plano Diretor atualizado, que desde 2008 aguarda a votação de oito leis complementares, também impede que a cidade atraia empreendimentos. "Quando existe uma lei em discussão, existe uma insegurança. O empresário não se arrisca", pondera o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte), Gerson Guariente. Segundo ele, há vários empreendimentos aguardando a aprovação do Plano Diretor para se instalarem. "Alguns já desistiram de esperar", afirma.
Enquanto deveria estar discutindo o Plano Diretor, a Câmara de Vereadores passou muito tempo discutindo comissões processantes. Os projetos complementares que ainda aguardam aprovação são o de zoneamento e o de sistema viário, dois dos mais importantes. Ambos são essenciais para que as variadas atividades comerciais e econômicas saibam em que região e como é possível se instalar na cidade, de acordo com riscos ambientais, poluição, impacto no trânsito e presença de comunidades vizinhas, entre vários fatores. "Sem Plano Diretor, estamos amarrados", sintetiza Guariente.
Há o risco de todas essas turbulências afastar o empresário que cogita se instalar em Londrina. "Ele acaba escolhendo outra cidade, que tenha as mesmas características de Londrina, mas com tranqüilidade política", explica o economista e doutor em Administração Marcos Rambalducci.
Muralha
Outra discussão política que emperrou por muito tempo a criação de novas empresas em Londrina foi a proibição da construção de supermercados no centro. A chamada Lei da Muralha foi implantada em 2005 e sempre foi vista por setores da sociedade como reserva de mercado para os supermercados já existentes na cidade. Há três meses, foi derrubada pela Câmara.
Sem terceiro turno
Ter ficado livre da possibilidade de um novo terceiro turno nas eleições municipais já representa, para o presidente da Acil, Flávio Balan, um ganho para Londrina. "Isso já começa a trazer certa estabilidade política para a cidade. Os candidatos já estão cientes do que a sociedade deseja", pondera.
É fundamental, segundo ele, que o próximo gestor saiba planejar para onde e como vai crescer. "Londrina precisa de um Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) forte e da criação de uma agência de desenvolvimento nos moldes da que existe em Curitiba", sugere.
Londrina teve terceiro turno em 29 de março de 2008, entre Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Barbosa Neto (PDT), segundo e terceiro colocados, respectivamente, no primeiro turno. O candidato mais votado na eleição daquele ano, Antonio Belinati (PP), foi considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque o Tribunal de Contas do Estado rejeitou sua prestação de contas relativa ao período em que foi prefeito do município. Mesmo eleito, ele não chegou a tomar posse. Barbosa Neto venceu o terceiro turno, mas teve o mandato cassado em 30 de julho deste ano.
No primeiro turno deste ano, Marcelo Belinati teve 124.062 votos, ou 45,39% dos válidos. Alexandre Kireeff teve 69.082 votos, 25,27% dos válidos.
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