Aos 37 anos, Gabiru está de casa nova. O interminável camisa 8 do Atlético e autor do gol mais importante da história do Internacional assinou ontem um contrato de três meses com a Sociedade Esportiva e Recreativa Panambi, do interior do Rio Grande do Sul, para a disputa da Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho. É mais uma tentativa do jogador de voltar às boas com o futebol e seus fãs.
A pequena cidade do Noroeste gaúcho (370 km de Porto Alegre) tem cerca de 30 mil habitantes e se prepara para receber Gabiru com honras de craque. Na sexta-feira, quando será apresentado, às 15 h, à imprensa, um caminhão de bombeiros será usado para ostentar o trunfo do clube na tentativa de alcançar a Primeira Divisão estadual.
"Faremos uma carreata pela cidade para que todos possam saudar o novo craque", explicou Nelson Feiden, um dos arquitetos da contratação mais importante da história do jovem clube completou dez anos em 2014. O escudo e nome foram inspirados no Palmeiras, mas é do DNA de colorados e gremistas que surgiu o Panambi.
A contratação de Gabiru que foi xodó da torcida do Atlético entre 1998 e 2000 e de 2001 a 2004 só foi possível por uma engenharia financeira complexa, envolvendo torcedores, conselheiros, empresários patrocinadores e toda a diretoria do clube.
"Reduzi a folha salarial do clube pela metade e conseguimos trazer o Gabiru. Apesar dos 37 anos ele está fininho e vai render muito no marketing e em campo", garante Alair da Silva, companheiro de Gabiru no Cruzeiro em 2004, hoje responsável pelo futebol do clube interiorano.
O atacante virou "mito" nacional com o gol do título mundial do Inter, em 2006. É nessa fama que o novo clube aposta. Gabiru gostou do negócio e vê o Panambi como mais uma oportunidade de retomar a carreira. "Para mim é ótimo. Eu estava parado desde 2012 e é bom demais voltar a fazer o que eu mais gosto", disse. O carinho dos gaúchos encanta o atleta, que também teve status de ídolo quando jogou no Guarany de Bagé.
O vínculo de Gabiru com o Panambi é de três meses. Depois desse tempo, clube e jogador voltam a conversar. "A cidade está eufórica", garante o presidente do time. Hoje o clube tem cerca de 500 contribuintes, entre conselheiros e donos de pacotes de ingressos. "Fizemos uma programação de aumentar no mínimo mais 500 para lotar nosso estádio [capacidade para 3 mil torcedores]", falou o dirigente.
O meia-atacante refuta qualquer tipo de tratamento especial. "Sou igual a todo mundo. No dia a dia tenho de trabalhar bem, senão não posso jogar. Não jogo sozinho", afirmou. Gabiru reconhece que não está em sua melhor condição física, mas nada que preocupe. "Não estou muito acima do peso, só um pouco inchado pelas festas de fim de ano e o tempo que estou sem jogar. Em uns 20 dias já estarei pronto", garante. "Estou bem, com saúde, com minha família. Isso é mais importante que qualquer coisa. Agora só quero voltar a jogar", complementou.
O contrato de Gabiru prevê uma pré-temporada de 30 dias e dois meses de atividade no turno e no returno da divisão de acesso gaúcha. "Ele precisa fazer pré-temporada. Vamos oferecer a ele o que temos de melhor. Preparador físico, academia de primeiro mundo. Se estiver pronto para a estreia, ele joga a critério do treinador [Lúcio Collet]" , afirmou Feinden.
A estreia do Panambi está prevista para o dia 1.º de março, fora de casa, contra o Esportivo de Bento Gonçalves. O primeiro contato com a torcida será no dia 8, em casa, contra o Glória de Vacaria.
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