Criado no Brasil na década de 60, o futebol de salão – oficialmente chamado de futsal – aos poucos ganhou espaço além das fronteiras verde-e-amarelas. Atualmente, um Mundial é disputado a cada quatro anos e a modalidade poderá ser esporte olímpico a partir dos Jogos de 2012, em Londres.

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Toda essa representatividade internacional fica mais evidente quando o assunto são os jogadores brasileiros. Atletas geralmente muito jovens, que deixam o país em busca de euros na Europa e, principalmente na Itália, dominam a seleção nacional e a Série A do calcio A5 (como o esporte é conhecido por lá).

Munidos de muito talento para jogar e da dupla cidadania conquistada pela herança dos ancestrais que vieram do Velho Mundo, os brasileiros invadiram a Azurra do futsal. Na Copa do Mundo do ano passado, na China, 12 dos 14 inscritos no torneio pela Itália, que conquistou o vice-campeonato, nasceram do lado de cá do Oceano Atlântico.

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Os números impressionam, mas são o simples retrato da Primeira Divisão italiana, que começou uma nova temporada ontem. Estima-se que aproximadamente 80% dos jogadores que atuam nos 14 times da competição tenham nascido no Brasil.

"Os italianos vêm atrás do estilo Ronaldinho Gaúcho e Robinho. Como o estilo de jogo lá é mais duro, precisam de quem possui habilidade com a bola para fazer a diferença. O controle de bola e a ginga do brasileiro enchem os olhos deles", explica Alexandre Gamberini, procurador de dois jovens atletas ítalo-brasileiros.

Vários paranaenses se destacam entre o enorme contingente de estrangeiros no futsal italiano. Jogando pelo Prato, o curitibano Edgar Shurtz, 26 anos, foi o terceiro artilheiro no campeonato passado e por pouco não foi ao Mundial.

"Cheguei à seleção no ano passado, foi tudo muito rápido. Já estavam treinando e o técnico me chamou. Treinei bem, fiquei entre os 20 do Mundial, mas ele me cortou pouco antes da viagem. Mesmo assim foi uma grande emoção atuar em quatro amistosos e quase participar do Mundial. Agora mudou o treinador e não sei se ele vai convocar os brasileiros", afirmou ele, que está iniciando a sua quinta temporada na Bota.

A radical mudança de vida, abrindo mão da família e da nação de origem tem explicação. Para os novatos na Série A, a média salarial é de 1.500 euros (cerca de R$ 4,3 mil). Com algumas temporadas de experiência, o salário pode chegar a R$ 15.000 para os menos conhecidos e R$ 30.000 para as estrelas – esse é o caso de astros da seleção brasileira que atuam na Itália.

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"Enquanto estava no Pisa (Série A2), não valia muito a pena ficar aqui. Agora, na Primeira Divisão, está valendo muito a pena. O dinheiro e o reconhecimento aumentaram. Chegamos a dar autógrafos após as vitórias", comemora Shurtz.

Ele tem como companheiro no Prato mais dois paranaenses que defendem a Azzurra. No time sub-21, que se prepara para o Campeonato Europeu da Rússia, atuam Alex Strapasson, de Palmas, e Bruno Gusso, de Curitiba. Ambos têm 21 anos e muita história para contar.

"Joguei com o Edgar no Pisa e há dois anos vim para o Prato. Já estou ambientado. No começo foi difícil, pela língua, a comida e as pessoas. Os jogadores italianos não gostam da gente, porque praticamente tomamos o lugar deles. Mas a torcida é ‘fera’. A ‘Curva’ é a organizada, eles são fanáticos e quando perdemos no ano passado, jogaram o banco de reservas sobre o time adversário", conta Alex. "Por isso estreamos em campo neutro", lamenta.