Emotiva, Jade Barbosa já fez muitos brasileiros chorarem por causa das lágrimas derramadas nos pódios. Agora, a preocupação é com a saúde da ginasta, que sofre com uma grave lesão no pulso direito. As amigas Daiane dos Santos e Daniele Hypolito tentam levantar o astral da xodó da ginástica olímpica brasileira, mas está difícil falar com ela.
Durante o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, na noite de segunda-feira, Daiane revelou que não teve sucesso nas tentativas de contato com Jade, tanto por telefone como pela internet, desde a notícia da lesão da amiga.
"Ela está muito isolada, e eu falei poucas vezes com ela. Já tentei na internet, no telefone, mas não consigo. O Diego (Hypolito) é quem fala mais com ela e me dá notícias, ele me disse que a Jade está bem", afirmou Daiane, demonstrando preocupação com a amiga.
Antes de desfilar pela Portela, Daniele evitou falar muito sobre a situação de Jade e preferiu apenas demonstrar confiança na recuperação da ginasta:
"É difícil falar dessa lesão, nem gosto, pois ela é minha amiga. A gente dá muita força e apoio a ela, é o que eu posso dizer."
Entenda o caso de Jade:
No início de 2008, durante os treinos, Jade sofreu uma lesão no punho direito. Em abril, ainda em recuperação, a ginasta participou da etapa de Cottbus da Copa do Mundo para avaliar se a dor ainda atrapalhava seu desempenho. Tudo parecia bem. A atleta conquistou duas medalhas de prata, voltou a estar presente nos eventos de alto nível e teve um bom desempenho nas competições no primeiro semestre . Para os Jogos Olímpicos de Pequim, Jade era esperança de medalha. No entanto, ficou fora do pódio. No retorno ao Brasil, César Barbosa, pai da atleta, revelou que a ginasta competiu no sacrifício e criticou a Confederação Brasileira de Ginástica, alegando que a entidade foi negligente.
"Quem assistia aos treinos da Jade antes das Olimpíadas sabia que ela não iria bem em Pequim. Ela sente muitas dores e está com pouca flexibilidade. Se a Jade não estava conseguindo fazer os exercícios nos treinos, estava claro que ela não conquistaria um bom resultado em Pequim. Ela foi muito sacrificada. Vamos fazer uma ressonância para ver se o local está fissurado, se calcificou errado. Tem um caroço em cima do punho dela", revelou o pai da ginasta, César Barbosa.
Em setembro, Jade fez uma bateria de exames para constatar a realidade do problema. O resultado foi de uma grave lesão no punho direito, que teria o desgaste correspondente à idade óssea de uma pessoa de 50 anos. Mesmo com o osso poroso, a atleta não mostrou intenção de fazer uma intervenção cirúrgica e voltou aos treinos no Flamengo. Em princípio, foi divulgado que ela faria fisioterapia e tomaria remédios. Ainda na época, avaliada brevemente pelo médico do clube rubro-negro, José Luiz Runco, a ginasta foi encaminhada para um especialista em ortopedia de punhos. Porém, o médico afirmou que Jade marcou uma consulta em sua clínica, mas não compareceu.
No mesmo mês, a CBG se defendeu das acusações de César e garantiu que a ginasta estava em boas condições para competir em Pequim. Ela foi levada ao ortopedista Ricardo Laranjeira, que constatou uma necrose no capitato, um pequeno osso que fica no meio da mão, que segundo o médico é causado por movimentos repetitivos. Porém, de acordo com Mário Namba, médico da CBG, ela estava tendo os cuidados adequados e teve um período de treinos normal. Ele contou que o quadro doloroso no punho teve um tratamento conservador, com fisioterapia, que permitia que Jade desempenhasse a função. Namba ainda afirmou que se Jade não estivesse treinando, não teria competido.
"Em momento algum esta lesão foi um problema que não foi divulgado. Nós temos várias declarações da Jade, principalmente depois da competição de Cottbus (Alemanha), onde ela diz que o problema que teve no punho melhorou muito e não estava sentindo mais nenhum problema", disse a supervisora da seleção, Eliane Martins.
Após consultar quase uma centena de colegas de profissão, Sandro Deodato, médico de Jade Barbosa, chegou a uma conclusão: só o tempo dirá se a atleta poderá continuar na ginástica de alto rendimento.
De acordo com o médico, a lesão da ginasta no punho direito foi amplamente estudada durante o Curso de Patologia e Artroplastia Total do Punho, ministrado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Especialistas brasileiros e estrangeiros participaram do evento, realizado no último fim de semana na capital paulista. Considerado um dos melhores do mundo em sua especialidade, o americano Brian Adams, titular do Hospital da Universidade de Iowa, teve opinião semelhante à dos demais presentes.
"Quase cem médicos estavam lá e consideram o caso da mesma forma. Não existe nenhum tratamento curativo para ela. O que podemos fazer é pensar em opções para que ela melhore. No momento, vamos aguardar, ver como ela se sai nos treinos", explicou Sandro Deodato.
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