Pequim - Jadel Gregório busca vaga na final do salto triplo dos Jogos de Pequim hoje, às 23 horas (de Brasília), bastante pressionado. Além de tentar apagar a frustração de quatro anos atrás em Atenas, quando era favorito mas não passou do quinto lugar, o atleta luta contra a crise que enfrenta após o desentendimento com o técnico Pedro Pires de Toledo, o Pedrão, que retornou ao Brasil aborrecido.
Jadel, que chamara Pedrão havia um mês para orientar seus treinamentos, terá de competir sozinho, pois seu treinador principal, o inglês Peter Stanley, vai trabalhar com a equipe da Grã-Bretanha. O atleta explicou que Stanley cuidava de organizar as planilhas de treino e Pedrão fazia a execução na pista. De acordo com Martinho Nobre, chefe da delegação da equipe de atletismo em Pequim, "está tudo bem com Jadel".
Ao chegar a Pequim, na primeira entrevista coletiva na Vila Olímpica, Jadel já dava mostras de que o relacionamento com Pedrão não era dos melhores.
"Não acho que nenhum técnico tenha algum segredo para orientar seus atletas", disse o triplista, referindo-se ao treinador, que cuidou da carreira de João do Pulo, ex-recordista mundial e medalha de bronze nos Jogos de Montreal/1976 e Moscou/1980. "Não sinto pressão. Estou à vontade aqui na China e confio em bom resultado."
"Esse foi um sonho que não deveria ter se realizado, aceitei o convite incentivado por minha família e meus amigos", disse Pedrão, por telefone. "Quando você não pode ajudar, é melhor não atrapalhar, eu eu não me sentia mais útil", prosseguiu o treinador, que não tem mais a intenção de prosseguir no atletismo.
Jadel aposta que um salto de 17,60 metros será garantia de medalha. Mas, no Troféu Brasil, em São Paulo, no mês de junho, o brasileiro revelou que seu plano era atingir 17,80 metros ou até 17,90 metros na China. Ele vai competir mais leve do que em Atenas (105 quilos, em vez de 110) e mostra confiança em ratificar seu favoritismo na prova. "Meu maior adversário sou eu mesmo." Ele não citou o português Nelson Évora, atual campeão mundial, com a marca de 17,74 metros.
No ano passado, em Belém, no GP Brasil de Atletismo, Jadel conseguiu 17,90 metros, quebrando o recorde sul-americano e superando em um centímetro a marca de João do Pulo, que durava 32 anos, desde o Jogos Pan-Americanos de 1975, no México e foi recorde mundial por 10 anos. Esse é o melhor salto dos triplistas em atividade.
O Brasil tem tradição na prova. Foi ouro duas vezes com Adhemar Ferreira da Silva (Helsinque/1952 e Melbourne/1956) e prata e bronze com Nelson Prudêncio (México/ 1968 e Munique/1972, respectivamente), além das duas medalhas de João do Pulo.
Na TV
Eliminatórias do salto triplo, a partir das 23 h, no SporTV, ESPN Brasil e BandSPorts.