Esperança - O técnico José Roberto Guimarães afirma que não desistiu totalmente da ideia de contar com Jaqueline na Copa do Mundo, mês que vem. E a jogadora mostrou gratidão ao apoio dado pelo comandante da seleção feminina. "O Zé é uma pessoa que não desiste fácil. Até o último momento, ele vai tentar. Em nenhum momento ele desistiu de mim, nem antes, quando eu perdi meu bebê. Ele sempre esteve comigo para que eu voltasse e eu voltei bem, por incrível que pareça. Ele fala isso porque tem confiança em mim."
Ainda com o colar cervical, Jaqueline falou à imprensa pela primeira vez após o acidente que a tirou dos Jogos Pan-Americanos e da Copa do Mundo competição que será realizada no próximo mês. Emocionada com o apoio recebido dos brasileiros, a ponteira chegou às lágrimas ao falar do ano difícil que vem enfrentando e da preocupação em tranquilizar a família.
Apesar da emoção, a atleta fez piada antes de deixar a coletiva realizada no Hospital Real San José, em Zapopan, onde passou uma noite em observação e realizou exames. "Vou só limpar as lágrimas pra tentar sair daqui bonitinha, porque ninguém merece."
"Não é fácil passar pelo o que eu passei, pelo que eu estou passando", disse a jogadora, que neste ano foi submetida a uma cirurgia no joelho esquerdo, teve uma gravidez encerrada com um aborto espontâneo e, agora, sofreu a lesão na coluna cervical, ocorrida durante a estreia do Brasil no Pan, contra a República Dominicana. "Quero falar para quem está no Brasil, porque sei que a repercussão muito grande, que eu não sabia que eu era tão querida. Eu estou muito feliz, apesar de tudo o que estou passando na minha vida."
De acordo com os médicos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), João Grangeiro, e da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Julio Nardelli, Jaqueline está bem clinicamente e o seu retorno ao Brasil depende apenas da logística - seu estado de saúde permitiria que ela fosse nesta terça-feira ao Brasil, se assim desejasse. Mas faltam voos para que ela retorne.
Jaqueline deve ficar pelo menos seis semanas em repouso e com o colar cervical. "Este colar é o remédio dela", disse Nardelli. "É isso o que ela tem que usar para que o ligamento cicatrize direitinho. É inconveniente, é chato, incomoda, tem até que dormir com ele." O médico da CBV aposta que Jaqueline voltará a jogar ainda nesse ano. "Ela, como atleta, tem uma recuperação mais rápida do que o restante da população."