Foram 10km de "caminhada" pela gelada montanha de Whistler, em um percurso que ela conhece bem. Casada com um canadense, Jaqueline Mourão, a única brasileira a disputar duas Olimpíadas de Verão e duas de Inverno, equilibrou-se como pôde por duras subidas e descidas e abriu a participação do Brasil em Vancouver.

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Exausta, cruzou a linha de chegada quando a prova do cross country já tinha suas medalhistas. Terminou após 30m22s2, em 67º, igualando seu resultado em Turim-2006. Ainda nesta segunda-feira, outro esquiador vai estampar no macacão a bandeira brasileira: Leandro Ribela compete nos 15km. Isabel Clark, Jhonathan Longhi e Maya Harrisson completam a delegação verde-amarela.

A sueca Charlotte Kalla faturou o ouro ao cravar 24m58s4, superando a estoniana Kristina Smigun-Vaehi, campeã em Turim-2006. Smigun liderava com 25s05, mas viu, da área de atletas, seu ouro se transformar em prata. Correndo pelo bronze, a norueguesa Marit Bjorgen marcou 25s14s3 e garantiu o pódio - em 2006, ela foi prata.

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Jaqueline foi a 67ª das 78 competidoras a entrar na prova. Em Turim, eram 72. As não muito boas condições da neve em Vancouver fizeram com que organizadores optassem por priorizar as atletas mais bem colocadas: elas foram as primeiras a largar. As esquiadoras tinhas que dar duas voltas no percurso de 5km, a 800m do nível do mar. Quando a brasileira iniciava sua jornada, as atenções estavam voltadas para a luta por medalhas. A ela, restava o apoio de amigos e parentes.

Após mais de 30 minutos, finalmente chegou à reta final. Ali, uma bandeira verde e amarela, na torcida, anunciava sua chegada. Cruzou a linha, sobre a neve. Em vez de jogar-se ao chão, como tantas outras, Jaqueline apoiou-se sobre os esquis, buscando ar.

Pioneira do mountain bike brasileiro em Jogos Olímpicos, Jaqueline competiu em Atenas-04, quando ficou no 18º lugar. Quatro anos depois, voltou às Olimpíadas e decidiu se despedir da bike após as pedaladas em Pequim. Única brasileira na final feminina de cross country, ela não chegou a terminar o percurso de seis voltas - foi eliminada na quinta, depois de tomar uma volta da campeã, a alemã Sabine Spitz. Ficou com a 19ª colocação geral.

Jaqueline começou a se aventurar pelas montanhas cobertas por neve depois de conhecer seu marido, no Canadá, onde mora desde 2004. E, como por lá era difícil andar de bicicleta no inverno, fez do esqui uma forma de treinar para o mountain bike. A brincadeira logo virou profissão. Deu duro e conseguiu uma vaga nos Jogos Turim, onde o número 67 começou a marcar sua carreira.

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