São Paulo - O técnico Mano Menezes nem tenta esconder que a posição de goleiro é a que ainda gera mais dúvidas na escalação da seleção brasileira. Já foram 12 os convocados e, por enquanto, tudo indica que o botafoguense Jefferson é quem lidera a corrida. Ele será titular e capitão do time de Mano amanhã, às 22 h (de Brasília), contra a Argentina, no jogo de volta do Superclássico das Américas, em Resistencia.
Na primeira partida, disputada há duas semanas, em Goiânia, o Brasil venceu de virada, por 2 a 1. Basta um empate para ganhar o troféu pelo segundo ano seguido. Aquela partida foi a primeira de Jefferson como capitão da seleção. "É uma honra muito grande", disse o camisa 1. "Fiquei muito feliz porque ninguém contestou."
O botafoguense esteve na Copa América como reserva, chegou a ser titular em alguns amistosos e perdeu espaço para o jovem Rafael, do Santos, antes da Olimpíada, mas agora recuperou a confiança do técnico. Nem a boa fase de Diego Cavalieri, do Fluminense, tira o sono de Jefferson. "É bom para o futebol brasileiro, mostra que estamos bem servidos de goleiro", declarou. "Quando cheguei aqui, eu era o quarto goleiro, e conquistei meu espaço. Se o Diego Cavalieri vier, eu vou respeitar. Tenho de admitir que ele faz um grande Campeonato Brasileiro."
Há cerca de um ano, Jefferson disse que ser o camisa 1 da seleção poderia ajudar a "mudar a cabeça das pessoas" sobre o preconceito. "A gente fica chateado quando dizem que a seleção não pode ter um goleiro negro", disse. "O Brasil já perdeu Copa do Mundo com goleiro branco também."
O técnico Mano Menezes também chutou para longe o preconceito que remonta ao Mundial de 1950, perdido pela seleção brasileira com o vascaíno Barbosa no gol. "Nunca reparei se Jefferson é negro ou branco, porque não é isso que avalio num jogador", declarou o treinador, em entrevista concedida antes do jogo contra a China, no mês passado.