Jogadores do Rio Branco admitem que receberam proposta de um apostador para entregar um jogo do Campeonato Paranaense 2018. O presidente do clube, Leandro Ribeiro, já havia feito uma denúncia sobre o caso na sexta-feira (23). Em entrevista ao programa Esporte Espetacular, exibida neste domingo (25), o lateral-esquerdo Thiaguinho, grande pivô do caso, o goleiro Flaysmar e o atacante Rodrigo Jesus contaram suas versões sobre o caso.
Thiaguinho explicou que a proposta foi feita a ele através de amigos quando estava jogando futevôlei na praia. Um homem o teria o convidado para almoçar e ele aceitou, acreditando ser um empresário.
“Esse rapaz, ele vive de jogo. Ele é bicheiro. É bicheiro ou banqueiro. Eu não sei nem como é essa situação. Eu achei até que ele era empresário. Estava bem vestido, com carro novo e tal. Aí, eu aceitei. Aí lá ele me ofereceu, me fez essa oferta [de entregar o jogo em troca de dinheiro]. Eu não tinha malícia nessa tentativa dele. Entendeu? Aí acabei ligando e falando eu mesmo com o pessoal. Falei com o Jesus e com o Flaymar. Eu sou evangélico, nem participo dessa situação. Eu nunca me vendi”, disse ao Esporte Espetacular.
O lateral-esquerdo apresentou a proposta do bicheiro aos colegas Flaysmar e Rodrigo Jesus, porém ambos não aceitaram o acordo. Os jogadores receberiam R$ 5 mil para entregar o jogo contra o Londrina, válido pela última rodada da Taça Caio Júnior, o segundo turno do Estadual.
“Aconteceu sim essa situação, mas eu não aceitei. Disse até para ele que nem por R$ 1 milhão eu aceitaria fazer esse tipo de coisa, porque não era da minha índole. Ele falou que também não era da dele, só que o pessoal estava usando o conhecimento dele para passar isso para gente. O Flay [goleiro] acabou também não aceitando. E a gente foi para o jogo. E Deus é tão justo comigo e na minha vida que no jogo eu fiz gol”, afirmou o atacante Rodrigo Jesus.
O goleiro Flaysmar Landin também recusou a proposta de imediato e definiu a situação como uma “safadeza”.
“Falei para ele que não ia participar dessa safadeza. Que não ia participar desse tipo de esquema e já tinha avisado para ele que ele já tinha errado em ter feito a ligação. Independente se não era ele que ia pagar, ele só estava como intermediário de uma ligação de um suposto apostador, uma suposta pessoa que queria dar o dinheiro, mas eu falei para ele que de forma alguma, eu iria participar disso”, declarou.
O Rio Branco foi finalista da Taça Dionísio Filho, perdendo o título para o Coritiba. Já no segundo turno, o time ficou na lanterna do Grupo B, com apenas três pontos, e correu o risco de ser rebaixado no Estadual. Foram 20 gols sofridos em cinco jogos. Na última rodada, os jogadores do Rio Branco ameaçaram não viajar para enfrentar o Londrina, alegando falta de pagamento dos salários, mas desistiram e entraram em campo: o time foi derrotado por 4 a 1.
Após toda a situação, o Rio Branco formalizou uma denúncia na Polícia Civil e no Ministério Público. Em entrevista à Gazeta do Povo, o Procurador Geral do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR), Pedro Henrique Val Feitosa, afirmou que irá abrir inquérito para investigar o caso.
“Ainda é tudo muito recente e novo para o Tribunal. Talvez seja a primeira vez na história este tipo de caso no Paraná. Até o final de semana não muda nada no Campeonato. Já na segunda-feira, vamos conversar com a corregedoria para abrir o inquérito, para daí partirmos para a investigação. Temos que ouvir todas as partes envolvidas para não cometer nenhuma injustiça. O inquérito é feito de forma rápido, acredito que em 30 dias. Tudo depende da quantidade de pessoas ouvidas”, explicou Feitosa.
Segundo o Estatuto do Torcedor, a pena para quem comete este tipo de crime é de dois a seis anos de prisão.