Os fãs de futebol que gostam de ir aos estádios para acompanhar o clube do coração provavelmente não poderão fazer isto mais este ano. É o que apontam especialistas do Brasil e do exterior diante da pandemia do coronavírus.
Há cerca de um mês sem a bola rolar no país, ainda é incerto uma data de retorno. Porém, infectologistas concordam que, quando ocorrer, será sem torcedores nas arquibancadas para evitar aglomerações.
“Teoricamente esse ano não teria como voltar a ter torcida nos estádios”, admite Fabio Gaudenzi, médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em entrevista à Gazeta do Povo.
“Alguns estudos afirmam que, para voltarmos a vida com segurança, teríamos que ter 85% ou mais da população já exposta e com proteção ao vírus. Isso levaria de um ano e meio a dois anos. Talvez possamos fazer algo antes disso, diante do estresse que gera na sociedade, mas com restrições. Não será igual antes”, acrescenta.
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Quanto aos jogos com portões fechados, Gaudenzi lembra que, com a aproximação do inverno, a tendência é que a situação piore, principalmente nas regiões mais frias. Assim seria preciso esperar pelo menos os próximos 45 dias para ver quando e onde a epidemia se alastra mais para depois avaliar qualquer retorno.
“Futebol é coletivo por definição. Tem todo um time atrás de um time. Estaria se colocando o atleta em risco e o torcedor tem que entender isso. Ninguém quer ver um ídolo doente”, argumenta o médico.
Pelo mundo
A situação pelo mundo não é diferente. Grandes eventos já foram cancelados ou adiados, como Torneio de Wimbledon, as Olimpíadas de Tóquio, a Eurocopa e a Copa América. Até mesmo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já pediu o retorno dos esportes, por “estar cansado de assistir a jogos de beisebol de 14 anos atrás”, mas especialistas ainda estudam como fazer isso possível com segurança.
Em todos os casos estudados, no entanto, só se considera os jogos com portões fechados. A tendência é que público mesmo, nas arquibancadas, vai demorar pelo menos até 2021, na melhor das hipóteses, para acontecer caso se encontre vacinas ou outra forma de proteger a população do novo coronavírus.
“Podemos reduzir a severidade das medidas, fazer modificações e aceitar concessões, mas o distanciamento social terá de continuar”, alerta William Schaffner, professor de medicina na Universidade Vanderbilt e especialista em medicina preventiva e doenças infecciosas, em entrevista ao jornal New York Times.
Há indícios fortes que um jogo na Itália pela Liga dos Campeões, entre Atalanta e Valência, acabou se tornando uma “bomba biológica” que acelerou a transmissão do vírus nos dois países antes da quarentena.
Até mesmo o retorno dos jogos com portões fechados seria um risco que precisa ser estudado. O campeonato alemão, por exemplo, já estipulou um retorno com um limite de 239 pessoas presentes, envolvendo jogadores, estafe, imprensa e funcionários.
“Mesmo que eles queiram jogar em estádios vazios, os jogadores seriam colocados em risco”, alerta Julie Vaishampayan, presidente do comitê de saúde pública na Sociedade de Doenças Infecciosas da América. “Não há coisa alguma que garanta que um jogador não se infecte em casa e leve isso para o campo”, acrescenta.
“Não se pode pensar nesse sistema como hermeticamente selado. Porque não será”, afirma Schaffner, alertando que será uma escolha definir como lidar com o risco controlado e se ele é necessário.
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