Juliana e Larissa se abraçam após a virada sobre as chinesas e a medalha olímpica inédita assegurada| Foto: Javier Lizón/ EFE

A trajetória da dupla Juliana e Larissa ganhou, ontem, um item inédito no currículo: uma medalha olímpica. Principais favoritas ao ouro, ao lado das norte-americanas Walsh e May – que corresponderam à expectativa e subiram ao topo do pódio –, as duas tiveram de se contentar com o bronze.

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Com a medalha no peito, até demonstraram alegria pela conquista, mas a decepção pelo fracasso na semifinal por muito pouco não tirou delas a lembrança made in Londres. Apáticas, chegaram a ficar a dois pontos da derrota para as chinesas Xi Zhang e Chen Xue. O placar apontava 19 a 16.

Juliana e Larissa acordaram a tempo, virando o placar com seis pontos consecu­­tivos e derrubando o moral das rivais para o tie-break. Ganharam por 2 a 1 (11/21, 21/19 e 15/12). Uma partida com a "cara de Juliana e Larissa", como elas mesmas definiram, já aliviadas pela reação de última hora. "Ainda estávamos com ressaca da semi", admitiu Larissa.

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O sofrimento na decisão do terceiro lugar e a longa trajetória até a Olimpíada foram os ingredientes que deram ao bronze um gosto dourado para quem deixou o país mirando o prêmio principal. "Merecíamos terminar esse ciclo [olímpico] com essa medalha, por todo nosso histórico, tudo que passamos, as lesões, as superações. Somos acostumadas a ganhar tudo, mas esse bronze tem gosto de ouro, sim", disse Larissa.

"Nós tivemos o ciclo olímpico mais longo do mundo. Se não é essa a medalha que as pessoas querem [de nós], não posso fazer nada. Para mim, [o bronze] representa o nosso esforço", emendou Juliana, exausta.

As brasileiras se preparam desde 2004 para uma Olim­­píada. Classificaram-se para Pequim-2008, mas, às vésperas da competição, Juliana rompeu o ligamento do joelho direito. Larissa jogou com Ana Paula e foi eliminada nas quartas de final.

Não foi a única vez que uma lesão mudou os planos. Em 2002, se juntaram pela primeira vez para o Mundial Sub-21. Mas Larissa teve uma hérnia de disco que postergou a parceria.

Desde o retorno, em 2004, foram campeãs seis vezes do Circuito Mundial e, no ano passado, conseguiram seu pri­­meiro título no Mundial, depois de duas pratas (2009 e 2005) e um bronze (2007). Só neste ano, ganharam duas etapas do Grand Slam (Pequim e Berlim). "Faltava uma medalha olímpica. Todo mundo falava que ela é importante. Eu não sabia; sei agora. E é muito especial", opinou Larissa.

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Juliana conta que há anos sonhava com a imagem da comemoração de um pódio olímpico. "Sempre via uma luz, com a gente chorando de alegria. Quando perdemos ontem [na semifinal], não consegui dormir. Falei para a Larissa, no quarto, que se não foi o ouro era o bronze que ia fazer essa luz existir", contou.

Na final, as norte-americanas Misty May e Kerri Walsh venceram as compatriotas Kessy e Ross – as algozes de Juliana e Larissa – por 2 sets a 0 (21/16 e 21/16) e sagraram-se tricampeãs olímpicas.