A trajetória de Kaká com a camisa do Milan deve chegar ao fim neste sábado, no jogo contra a Fiorentina, em Milão, pela 19ª rodada do Campeonato Italiano. Os sinais de que sua transferência para o Manchester City será consumada na reunião que terá segunda-feira com os representantes do clube inglês são cada vez mais claros. E nos bastidores do Milan já se dá como certo que o craque brasileiro irá embora.
Depois do treino desta sexta-feira, Kaká se dirigiu ao técnico Carlo Ancelotti e lhe deu um longo abraço. Em seguida, fez o mesmo com Leonardo, o ex-jogador brasileiro que hoje é diretor do Milan e que foi o principal artífice de sua contratação em 2003. Em conversas por telefone com jornalistas italianos, vários jogadores disseram que Kaká estava "diferente", com ar preocupado.
Em entrevista coletiva, Carlo Ancelotti disse primeiramente que gostaria que Kaká ficasse no Milan. Mas, em seguida, ele afirmou que o clube tem o direito de tomar decisões que atendam aos seus interesses e que a oferta do Manchester City é "muito alta". "Nosso time será forte mesmo se o Kaká sair, com chance de continuar na luta por seus objetivos nesta temporada. Temos grandes jogadores", avisou o treinador.
O Milan está claramente interessado em vender o jogador brasileiro, para embolsar os 100 milhões de libras (cerca de R$ 330 milhões) oferecidos pelo Manchester City, tanto que autorizou o clube inglês a negociar com o craque. Até mesmo as exigências de Kaká para aceitar o acordo parecem que serão atendidas.
Mesmo porque, Kaká é um sonho antigo do Manchester City, como revelou o atacante brasileiro Robinho, que foi para o clube inglês em agosto do ano passado, quando foi contratado junto ao Real Madrid. "Quando cheguei aqui os dirigentes me disseram que Kaká era o objetivo principal deles", contou o jogador.
Na tarde desta sexta-feira, o site www.arabianbusiness.com divulgou, ressaltando que era uma informação exclusiva, que o xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan (o líder do grupo de investidores dos Emirados Árabes que comprou o clube inglês em agosto) já havia dito a amigos que Kaká estava contratado. As diretorias de Manchester City e Milan desmentiram a notícia, assim como o assessor de imprensa do jogador, Diogo Kotscho.
Na reunião da próxima segunda-feira, que também contará com a presença de Bosco Leite (pai e procurador de Kaká), os representantes do Manchester City começarão a conversa fazendo uma proposta financeira astronômica ao jogador. Os valores seriam de 15 milhões de euros anuais.
Um dos compromissos que a direção do Manchester City assume com Kaká é o de investir pesado para contratar jogadores de alto nível e transformar o time no melhor do mundo. O meio-campista Nigel de Jong, da seleção holandesa, é um dos reforços que devem em chegar agora em janeiro - o Hamburgo irá vendê-lo por 17 milhões de euros.
REVOLTA - Bastou a diretoria do Milan admitir publicamente que liberou Kaká para negociar seu contrato com o Manchester City para os "ultras" - como são conhecidos na Itália os integrantes das torcidas organizadas - começarem a reclamar. Um grupo de 70 pessoas passou a madrugada e a manhã desta sexta-feira protestando na frente da sede do clube italiano.
Por temor aos torcedores, o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani, tem circulado sempre acompanhado por guarda-costas e fugido das entrevistas. E nesta sexta-feira havia cinco carros de polícia estacionados em frente à sede do clube para garantir a segurança dos dirigentes.
No protesto, os "ultras" levaram faixas com dizeres a favor de Kaká e contra a diretoria. Um dos coros que gritavam era o seguinte: "Se venderem Kaká, a Sul se esvaziará." A "Sul" é a curva sul do Estádio San Siro, o local atrás de um dos gols de onde eles veem as partidas. E o recado é claro: se Kaká sair, eles deixarão de comparecer aos jogos.
Um outro grupo de torcedores ficou na porta do CT esperando Kaká chegar para o treino desta sexta-feira. O craque chegou junto com outros jogadores no micro-ônibus do Milan e acenou para os fãs que gritavam para ele ficar.
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