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Foram 19 dias de cobertura da Olimpíada pela Gazeta do Povo, ao lado dos repórteres Adriana Brum e Marcos Xavier Vicente, além do fotógrafo Daniel Castellano. Tempo em que acompanhamos a principal competição esportiva do planeta, nos misturamos aos atletas e vivemos uma experiência inigualável. Para mim, tudo começou em Cardiff, no País de Gales. Lá, onde a turma acredita em dragões, a seleção brasileira iniciou sua jornada no torneio de futebol, a "zica braba" do escrete canarinho. A turnê passou por Newcastle e Manchester, sem empolgar. Até o desfecho patético no mítico Wembley.

Segui também a primeira fase do vôlei, masculino e feminino. Um ambiente completamente diferente do futebol, familiar, sem espaço para a privação dos sentidos dos estádios – exceto quando se trata da beleza das meninas e, tudo bem, dos rapazes. Valeu, especialmente pelo tricampeonato do técnico José Roberto Guimarães, o grande camarada do esporte nacional.

Teve também Usain Bolt. Foi inesquecível assistir de pertinho aos dois ouros individuais do corredor, nos 100 e 200 metros. Sacar exatamente o que os ingleses definiram de Usainity, um trocadilho em inglês misturando o nome dele com "insanidade". Sim, pois para o fanfarrão Bolt, não basta vencer, é preciso ainda pagar um sapo agressivo com os adversários. Sem contar a faceta, digamos, política de seus triunfos. Oriundo da Jamaica, uma antiga colônia britânica, Bolt importou o seu reinado absolutista de Pequim para Londres e dominou a pista do Estádio Olímpico. Para o delírio da rapaziada de Kingston, capital do reggae, fortemente presente em Londres, com base no bairro de Brixton.

Os Jogos proporcionaram também uma conexão musical que nenhuma outra cidade no mundo conseguiria. As cerimônias de abertura e encerramento resumiram tudo. Mas, circulando por ruas e ginásios, a fusão rolou solta. Foi uma satisfação ouvir The Clash quase diariamente, com a abertura de London Calling ecoando pelas arenas. Será que Joe Strummer aprovaria se estivesse vivo? O Mick Jones, pelo jeito, curtiu. Ficar com os metais afiados dos Specials grudados na cabeça foi outra beleza, de tanto que rolou Message to you Rudy nos eventos.

Deu tempo ainda de reconhecer algumas passagens. Por exemplo, quando desci pela Portobello Road, cantada por Caetano Veloso no clássico disco Transa, gerado no exílio em Londres, nos incríveis anos 70. E no desembarque pelo Picadilly Circus, conheci onde Bob Marley trombou com o Marcus e um chocolate altamente suspeito na letra de Kinky Reggae. Faltou só esbarrar no Keith Richards em um pub qualquer. Teria sido fantástico. Quem sabe no Rio?

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