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O governo da presidente Cristina Kirchner destinou US$ 45 milhões extras para o programa de transmissão estatal dos jogos de futebol, denominado de "Futebol para todos". Em plena crise, com o governo segurando a entrega de fundos para os falidos governos das províncias argentinas, a verba para as partidas, administrada pelo chefe do gabinete de ministros, Juan Abal Medina, soma-se aos US$ 888 milhões gastos pelo governo Kirchner desde a implantação da estatização das transmissões em 2009.

Os fundos são basicamente redirecionados à Associação de Futebol da Argentina (AFA), entidade controlada desde 1979 por Julio Grondona, que é aliado da presidente Cristina. As verbas também servem para cobrir os gastos operacionais das transmissões.

"Temos o acesso livre do esporte mais importante dos argentinos!". Com estas palavras - e com toda pompa - Cristina Kirchner celebrou, no dia 11 agosto de 2009, a estatização das transmissões do esporte mais popular dos argentinos. Na ocasião, o governo argumentou que a ideia era "levar o futebol a todos os argentinos".

No dia do anúncio da estatização, a presidente prometeu que o lucro excedente obtido com as transmissões dos jogos seria destinado ao estímulo dos esportes olímpicos. No entanto, nem um peso sequer saiu dali para o setor olímpico, já que - apesar de ter entrado no geralmente lucrativo business esportivo - a estatização dos jogos só gerou déficit para o Estado argentino.

Os jogos, transmitidos pela TV Pública, não possuem publicidade de empresas privadas, já que estas foram proibidas em fevereiro de 2010 pelo ex-presidente Nestor Kirchner, na época considerado o verdadeiro poder no governo de sua mulher. O único anunciante é o próprio governo argentino, que concentra ao longo dos jogos somente publicidade sobre os feitos e obras da presidente Cristina. Desta forma, a estatização não gerou lucro algum.

A produção das transmissões é realizada desde 2009 por "La Corte". Esta produtora que, coincidentemente, também está a cargo da transmissão dos atos oficiais na Casa Rosada, a sede do governo argentino.

Populismo esportivo

A medida implementada pelo governo salvou os times argentinos, que estavam - em sua imensa maioria - à beira da falência após anos de administrações irregulares. Além disso, o fornecimento de centenas de milhões de dólares à AFA fortaleceu o poder de Grondona, que no ano passado foi reeleito mais uma vez para continuar no comando da entidade.

O "Futebol para todos", único caso mundial de estatização das transmissões dos jogos, é uma das bandeiras do governo da presidente Cristina, que afirma que está "democratizando" o acesso dos jogos para todos os argentinos. No entanto, líderes da oposição acusam a presidente Cristina de "populismo esportivo".

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