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Com o agasalho da seleção norte-americana, Klinsmann dá dicas de como se comportar no Mundial em casa | Textual/Divulgação
Com o agasalho da seleção norte-americana, Klinsmann dá dicas de como se comportar no Mundial em casa| Foto: Textual/Divulgação

Se a carreira de Jürgen Klinsmann não decolar como treinador, ele tem uma bela carta na manga. Pode virar motivador, um desses gurus que os técnicos costumam acionar nos momentos de decisão. Foi o que o alemão, comandante da seleção norte-americana, fez ontem, no último dia do Footecon, o principal fórum de futebol do país, no Rio de Janeiro.

Com o microfone na mão, Klins­­mann deu uma palestra voltada para os interesses de Mano Menezes, técnico da seleção brasileira, que estava sentado na primeira fila da plateia. Seguiu o modelo de autoajuda, que tanto sucesso faz mundo afora. Ensinou, em detalhes, como os jogadores do time nacional – e a comissão técnica – devem se comportar em 2014 para ganhar o povo. Tudo baseado em sua experiência como comandante da equipe germânica na Copa de 2006, disputada no país europeu.

"Vocês [o povo brasileiro] precisam abraçar a Copa do Mundo, ajudar o Mano. O Brasil é bom, tem craques como Neymar, e precisa assumir isso, se confirmar. Se todos estiverem juntos, isso mandará sinais a Alemanha, Espanha, Argentina...", ensinou o treinador, que, na época de jogador, venceu o Mundial de 1990 na Itália – era o principal destaque ofensivo da equipe liderada por Lothar Mat­­thäus. Ao fundo, em dois imensos telões, imagens de bastidores da campanha da Alemanha há cinco anos, quando o time fechou o Mun­­dial caseiro na terceira posição. Cenas devidamente embaladas por músicas emocionais. "Não vencemos a Copa, não fomos suficientemente bons para isso, mas ganhamos o país. Aquilo mudou a imagem da Alemanha", emendou.

As dicas seguiram, desta vez ainda mais direcionadas ao colega brasileiro. "É preciso assumir riscos, deixar a zona de conforto. E a Copa das Confederações [evento teste pré-Copa, em 2013] serve para isso. É o momento de experimentar, mesmo que isso signifique perder a competição", disse, com um in­­glês fluente – mora na Califór­­nia desde que comandava a seleção alemã. "Diria a ele [Mano] para co­­locar muita fé nos novos, isso é muito bom", seguiu, elogiando no­­vamente o talento de Neymar, um "jogador impressionante".

Com os olhos atentos a tudo o que Klinsmann dizia, Mano deixou o Copacabana Palace, sede do Footecon, sem dar entrevistas. Mas, pelo semblante, parece ter concordado com o novo guru.

Acompanhe os principais trechos da entrevista coletiva que sucedeu a principal palestra do Footecon:

É indiscutível a qualidade da nova safra de jogadores da Alemanha. Gente como Thomas Müller, Özil, Boateng e Mario Götze. O que esse time pode fazer na Copa de 2014, que será disputada no Brasil?Pena essa geração não disputar a Olimpíada [de Londres, em 2012], seria uma experiência incrível. Essa geração se desenvolveu nos últimos seis anos e agora chegou a hora de colher os frutos. Esse pessoal tem condição de desafiar as grandes equipes, como Brasil e Espanha. Antes, porém, tem o campeonato europeu [Eurocopa, também em 2012].

Nesta terça-feira (06), o técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, reclamou da formação dos atletas no país, pedindo que os clubes criem uma filosofia de trabalho nos moldes do Barcelona. Que conselho você poderia dar a ele?Vocês são diferentes aqui no Brasil, por isso muito do que se aplica na Alemanha não serve.

E que dica daria então ao Mano em relação ao Mundial de 2014? A pressão por vencer em casa já é imensa.O Mano está diante de um grande desafio, precisa moldar uma equipe, o que não é fácil. Diria a ele para colocar muita fé nos novos, isso é muito bom.

Gente como Neymar? Já ouviu falar dele?Sim, sim. É um jogador impressionante. Gostaria muito de tê-lo na minha equipe.

Ele acabou de renovar com o Santos, recusando propostas de poderosos clubes europeus, como Real Madrid, Barcelona e Chelsea. Existe a possibilidade de que fique no país até 2014. Que avaliação você faz da decisão do atleta?É uma coisa muito pessoal. É ele quem tem de decidir. Mas acredito que tenha tomado a decisão certa. Eu só fui jogar na Itália [na Inter de Milão] com 24 anos, quando me julguei preparado.

Algum palpite para um possível encontro entre Santos e Barcelona na final do Mundial de Clubes, no Japão?Difícil, muito difícil [risos].

Como você descreveria o Klinsmann treinador?Procuro aprender muito com outros treinadores, em outros países. Sempre que ouço outros técnicos, anoto tudo e depois uso o que eles falam. Isso é muito importante.

A Alemanha em 2006 abraçou a seleção, que chegou ao terceiro lugar no Mundial. Aqui, em princípio, está sendo diferente, com denúncias de corrupção envolvendo dirigentes. Até que ponto isso pode atrapalhar?Só quem vive o país sabe ao certo dos problemas. Mesmo com um mundo globalizado, com comunicação rápida, aprendi que não podemos acreditar em tudo o que sai na imprensa. Agora é o Brasil que tem de saber qual imagem quer deixar. É preciso abraçar a causa.

* O jornalista viajou a convite do Footecon.

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