Vinte e dois pagantes na arquibancada, nenhuma emissora de rádio transmitindo o jogo para a capital, muito menos alguma câmera de televisão, e o Paraná utilizando uniforme velho com o fornecedor de material esportivo antigo e o patrocinador desatualizado.

CARREGANDO :)

Dessa maneira quase clandestina, o Paraná B se despediu ontem à tarde, na Vila Olímpica, das chances de classificação ao quadrangular final da Divisão de Acesso do Estadual ao empatar com o Londrina B, por 1 a 1. No mesmo horário em Londrina, Portuguesa e Cascavel ficaram também no 1 a 1 e passaram de fase.

O cenário, bem diferente do vivido pelo Tricolor vice-líder do Nacional, retrata a realidade de uma competição que foi desmoralizada em 2005 com as denúncias de fabricação de resultados e agora serve apenas para o clube da Vila Capanema testar alguns jogadores e movimentar outros que não são aproveitados na equipe principal.

Publicidade

Na partida frente ao Tubarãozinho, o goleiro Carlinhos, o lateral Peter, o zagueiro João Paulo, o volante Mancera e os atacantes Zumbi e Vandinho, todos parte do grupo principal, entraram em campo.

"Somos funcionários do clube e temos de atuar aonde mandam. É como você no jornal quando precisa ir cobrir campeonato de bola de gude", compara João Paulo, que já fez gol do meio-de-campo na atual temporada. "Estou dando o máximo para voltar ao time principal", afirma.

As enormes discrepâncias entre os jogos do Brasileirão e os da Segundona paranaense também estão na bilheteria. Mesmo sem estar entre os líderes de arrecadação no Brasil, o clube da Vila jamais tinha jogado para 22 pagantes, que proporcionaram R$ 155 de renda.

"Se eu disser que a motivação é a mesma, estarei mentindo", reconhece Zumbi, autor do gol paranista no jogo. "Foi um gol bonito, mas com a arquibancada vazia comemorei pouco. Espero vibrar mais pelo time A", diz.

Entre as poucas testemunhas que se aventuraram a assistir ao jogo, praticamente nenhum torcedor verdadeiro. Apenas empresários, dirigentes, funcionários do clube e parentes de jogadores. Esse é o caso do porteiro Edson Luiz de Paula, pai do meia paranista Giuliano, de 16 anos, que entrou em parte do segundo tempo.

Publicidade

"Mesmo que meu filho não jogue eu acompanho. A esperança é que ele chegue ao time profissional", deseja.

O ala-direito Angelo e o volante Felipe Alves, de folga na tarde de ontem, também aproveitaram para torcer pelos colegas. "Vim para dar uma força e também não tinha nada para fazer em casa", conta Angelo.

Na desanimada tarde de quarta-feira, nem o pipoqueiro Jairo Martins saiu satisfeito. "Nesses jogos de Segunda Divisão e jniores sempre vendo pelo menos R$ 600. Hoje (ontem) não deu nem R$ 120", lamenta.