Os dirigentes do Operário não conseguiram convencer o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR) de que são inocentes no suposto esquema de corrupção na arbitragem da Série Prata – o chamado "mensalão do apito".

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Sílvio Cosmoski e Sílvio Gubert (os presidentes dos conselhos Gestor e Deliberativo do clube ponta-grossense, respectivamente) prestaram depoimento ontem sobre a possível existência de propina no futebol paranaense. Falaram pouco, estavam tensos e não agradaram ao auditor que comanda o inquérito.

"Em alguns momentos, eles faltaram com a verdade", percebeu Octacílio Sacerdote Filho, membro do TJD responsável pela investigação. "Sinceramente, não fiquei convicto do que eles falaram", completou.

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As declarações de Gubert, personagem central desta história, acabou sendo o ponto alto da apuração. Após revelar em entrevista à ESPN Brasil a existência do "Bruxo" (o intermediário entre o clube e o juiz para o acerto de resultados), agora ele disse que tudo não passou de um mal-entendido. E chorou.

"No meu dia-a-dia, costumo tratar as pessoas por ‘fera’ e ‘bruxo’. É o meu jeito de falar. Para mim, seria a mesma coisa que chamar alguém de ‘senhor’. Isto sai continuamente da minha boca", disse ele, orientado de perto pelo advogado Domingos Moro – que curiosamente também presta serviço jurídico à Federação Paranaense de Futebol (FPF).

Com relação à entrega de R$ 2 mil à arbitragem (pagamento que leva à suspeita de suborno), Gubert usou os tributos obrigatórios como justificativa. "Pagamos 5% da renda para o INSS, mais os R$ 500 de taxa que são entregues à FPF, além do pagamento dos quatro árbitros, algo entre R$ 1.200 e R$ 1.600. É isto", contou.

Após anunciar ter tido uma "educação que não permite atos ilícitos" e destacar a origem humilde como argumento de defesa, o homem que detonou essa crise moral não suportou a tensão. "Estou sendo execrado por conta de tudo isso", desferiu, já com a voz embargada e lágrimas no rosto.

Em seguida, foi a vez de Cosmoski falar. As contas do Operário acabaram sendo o grande trunfo do responsável pelo time com apenas uma derrota na divisão de acesso (equipe-sensação, contabilizando 73,8% de aproveitamento em 14 jogos).

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"Temos uma despesa mensal de R$ 60 mil e arrecadamos em torno de R$ 20 mil. Trabalhamos no vermelho e possuímos muitas dívidas. É um absurdo dizer que compramos alguém, pois não temos dinheiro suficiente para cumprir nossos deveres normais", destacou o cartola que comanda o clube dos Campos Gerais.

Uma coincidência foi verificado nos dois depoimentos: a dupla garante não ter tido contato com pessoas ligadas à FPF nos últimos tempos – livrando a cara da entidade. Justamente essa versão causou uma séria desconfiança no auditor. "Estamos em setembro e até agora nenhum contato. Estranho...", questionou Sacerdote Filho. "Eles foram muito bem orientados."

Além dos responsáveis pelo Operário, o presidente da Comissão de Arbitragem, Valdir de Souza, também se pronunciou. Ele abriu a sessão e fez questão de destacar que há transparência na escala de árbitros. Reforçou ainda o fato de jamais ter sido importunado pelas associações (leia-se veto ou interferências).