Duzentos dias se passaram desde o início da Copa do Mundo no Brasil. O evento passou, a seleção decepcionou e o tão vendido legado ainda não tomou forma, pelo menos em Curitiba. Das 10 obras de mobilidade urbana contidas na Matriz de Responsabilidades, metade não foi finalizada e os prazos continuam se arrastando.
INFOGRÁFICO: Veja as obras da Copa que ficaram prontas e aquelas que ficaram pendentes
Das cinco intervenções da alçada do município, falta uma: a requalificação do Terminal Santa Cândida. Do que compete ao governo estadual, quatro das cinco obras estão em andamento. São os corredores Aeroporto-Rodoviária e Marechal Floriano Peixoto, a Via de Integração Metropolitana (Avenida da Integração) e o Sistema Integrado Metropolitano.
O que ficou efetivamente pronto foram as revitalizações da Marechal Floriano Peixoto e da Avenida das Torres ambas no perímetro de Curitiba, a reforma da rodoviária, extensão da Linha Verde Sul e o Sistema Integrado de Monitoramento. Todas de responsabilidade da prefeitura.
"A Copa foi muito importante porque resolveu alguns problemas do sistema viário, principalmente dos acessos para quem chega via aeroporto. A cidade ganhou em tudo", diz o secretário de Urbanismo de Curitiba, Reginaldo Cordeiro, que esteve à frente da pasta especial de Copa até o término do evento na cidade.
Ele acrescenta às obras de mobilidade os investimentos no entorno da Arena da Baixada, a revitalização da Praça Afonso Botelho a obra foi licitada e aguarda o início e a liberação da Pedreira Paulo Leminski para concertos musicais. Sem contar o que não pode ser mensurado.
"Ficou um legado imaterial, como o engajamento nas escolas, na segurança e na saúde. Além disso, a experiência que tivemos mostrou que estamos preparados para receber qualquer evento", completa Cordeiro.
Apesar dos ganhos apontados pelo poder público, a cidade perdeu oportunidades de ampliar esse legado material. Tanto que seis obras inicialmente atreladas ao Mundial foram canceladas ou adiadas, casos da implantação do metrô e a requalificação da Avenida Visconde de Guarapuava.
"O discurso do legado foi assumido como algo positivo. Havia uma expectativa imensa em ampliação de vias, construção do metrô e outras obras. Mas o legado não vem por antecipação, só dá para avaliar depois. E ficou muito pouca coisa", opina a professora Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski, coordenadora do Núcleo Curitiba do Observatório das Metrópoles.
O que também ficou foram as contas para pagar. A reforma da Arena, por exemplo, teve participação de recursos públicos, da prefeitura e do estado. Só que até agora não há uma definição sobre o montante que cabe a cada parte, inclusive a responsabilidade do Atlético.
"Pior é que as pessoas pararam de falar no assunto. E ficaram coisas a pagar, tanto do clube em relação ao estádio como dos empréstimos feitos para concluir as obras", reforça Olga Lúcia, amparada pelo fato de que os portais de transparência, de todas as esferas, deixaram de ser atualizados após a Copa, mesmo com as obras ainda em andamento.
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a assessoria de imprensa da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), mas foi informada de que não haveria a possibilidade de atender ao pedido de entrevista.
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