Alegria, tensão, alívio, preocupação e cansaço. Uma carga de sensações difícil de suportar em qualquer situação. Imagine, então, passar por tudo isso carregado de bússola, planilhas, cronômetro, mapas e outros apetrechos amontoados sobre um laptop. Foi a experiência vivida pelo navegador curitibano Eduardo Bampi, que participou do Rali Dakar 2006 na categoria carros, ao lado do piloto Kléver Kolberg.
Estreante na prova, o engenheiro mecânico de 28 anos ainda digere as fortes emoções do percurso mais famoso e perigoso do mundo. Entre elas, a frustração de ter sido obrigado a abandonar a competição na nona etapa (são 15 no total), devido a problemas no motor do carro, o que o deixou de fora do encerramento da prova, na chegada à capital do Senegal, no último dia 16. Entretanto, nada que tenha diminuído o orgulho de ter participado da primeira "Copa do Mundo" dos ralis de sua vida, uma experiência que Bampi quer repetir já no ano que vem.
Gazeta do Povo Como você resume a participação no Rali Dakar?Eduardo Bampi Foi muito legal, em todos os sentidos. Nós passamos por uma série de terrenos diferentes, clima adverso, a parte cultural muda muito, foi uma experiência inesquecível.
Em relação ao trabalho de navegação, que análise você faz do seu desempenho?Acredito que fui muito bem. Tive sorte, pois o Kléver é um piloto muito experiente e me instruiu bastante, desde a fase de treinamentos. E lá na hora, me tranqüilizou e confiou muito nas minhas orientações.
Qual a principal dificuldade do Dakar para o navegador?É um percurso muito longo e cansativo. Além disso, atingimos velocidades muito altas. Nas dunas, por exemplo, a gente vai perdendo a referência. Este ano aboliram o GPS (sistema de posicionamento global), que funciona praticamente como uma bússola, o que complicou nosso trabalho.
Este ano o Rali Dakar mostrou sua face trágica mais uma vez, com a morte de um competidor e duas crianças. O que você tem a dizer sobre isso?Fico muito triste, mas a organização tomou todas as precauções de segurança. Porém algumas coisas são impossíveis de se evitar. No caso das motos, eles têm de cuidar da navegação e da pilotagem andando a 150km/h, é um risco muito grande. Já no carro a segurança é total, temos cinto de quatro pontos, barras que protegem, não há perigo.
E a segurança do público?Eu acho que neste ano a organização errou numa parte do percurso. Fomos muito para o sul do Senegal, onde tem vegetação, água e gente por perto. E mesmo com o cuidado que nós temos, ainda tem o problema de algumas pessoas se arriscarem. Em Portugal, por exemplo, nós passávamos em altíssima velocidade por corredores de pessoas assistindo. Se fura um pneu, muita gente pode se machucar.
O abandono da prova ainda o incomoda?Fiquei chateado. Principalmente porque nós estávamos perto de atingir nosso objetivo. Pretendíamos ficar entre os dez no geral, e estávamos na 13.º posição. Ficou uma pequena frustração.
Você disputará a edição de 2007?Eu espero que sim. Depende da continuidade da minha parceria com o Kléver, e acredito que ela deva render muito ainda.
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