A campanha do Londrina não surpreendeu apenas a torcida e os rivais na Superliga masculina de vôlei. A equipe sensação do fim do primeiro turno, quando engatou sete vitórias seguidas, encantou até o seu atleta renomado.
Campeão mundial pela seleção em 2010, Alan Barbosa confessa: "Esta é a melhor equipe onde trabalhei." O projeto, a estrutura e o relacionamento que conquistaram o líbero também impulsionaram o time paranaense que enfrenta hoje, o São Caetano, às 20h30, no Ginásio Moringão.
As sondagens para a contratação de Alan surgiram antes mesmo da certeza sobre a viabilidade da equipe. "Tudo começou quando vim jogar com a seleção em Curitiba [amistosos preparatórios para o Mundial de 2010]. Queriam montar um time, mas nem tinham vaga ainda", lembra ele.
O maior empecilho era a resistência da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) em organizar a disputa com 15 equipes, um número ímpar que renderia sempre um representante de folga por rodada. Antes mesmo de acertar ele engrossou o lobby pró-Londrina e o time foi garantido no campeonato.
"Tinha uma proposta da Rússia e estava desempregado. Cada um tem o seu projeto e como no ano que vem tem Olimpíada e eu quero estar no grupo, precisava jogar. E a Superliga é um dos melhores torneios", explica o jogador.
Alan pretendia voltar ao vôlei do país após se recuperar de duas graves lesões no Tendão de Aquiles, que o deixaram por quase dois anos longe das quadras, quando atuava pelo Lokomotiv Belgorod da Rússia, em 2009.
O segundo passo para aproximação entre o atleta e o time paranaense foi o fato de ele ter trabalho com o técnico Carlos de Almeida, o Chiquita. "Ele ainda estava no Japão quando conversamos e acertamos tudo via skype [programa de comunicação por áudio e vídeo via internet]." O negócio, porém, só foi oficialmente fechado no dia da apresentação da Liga, em São Paulo, no fim do ano passado.
Um dos argumentos usados pela direção do clube para convencer o líbero foi o fato de a cidade de Londrina gostar de esporte e lotar o ginásio. Mas, quando o torneio começou, veio a surpresa. "Apareciam 150, 200 pessoas por partida. Fiquei meio desconfiado. À medida que fomos ganhando as pessoas apareceram e até me surpreendi nos últimos jogos quando chegou a ter 3 mil pessoas no Moringão", conta.
A campanha que arrebatou a torcida foi construída, segundo Alan, graças à amizade. "A gente conversa muito. Tem cobrança, claro, mas todos querem se ajudar. Já joguei em clubes onde tinha aquela vaidade, de um que é melhor, ou se acha melhor. Aqui todo mundo é importante", avisa, e compara. "Tirando a seleção, esse é o melhor grupo onde trabalhei, incluindo a comissão técnica e todos os envolvidos."
Esse clima ajuda o elenco a lidar com os problemas financeiros. A saída de um patrocinador obrigou o clube a pagar apenas metade dos salários acordados. "Precisamos estar em quadra e confiamos na diretoria", afirma. A promessa é de quitação das pendências a partir de março.
Mesmo com todas essas dificuldades ele acredita que a equipe pode continuar surpreendendo no returno, apensar da derrota para o Montes Claros na última rodada.
"Os planos sempre foram de terminar a fase classificatória entre os oito para garantir uma vaga nos play offs. Terminamos em sexto o primeiro turno e acho que temos condições de tentar escapar do oitavo lugar para não enfrentarmos o primeiro colocado. Algumas equipes vão crescer, têm bons jogadores, um orçamento dez vezes melhor do que o do Londrina. Mas confio muito no nosso potencial", completa.