Zonta dá palpites na Stock e na F-1
Com quem ficam os títulos da Stock Car e da Fórmula 1 deste ano? Com a palavra, o paranaense Ricardo Zonta dá os seus palpites, como uma "testemunha" do que acontece dentro e fora das pistas nestas duas categorias. "Na Stock é difícil dizer. A equipe do Cacá é superior as demais, mas para ser campeão o piloto tem que ganhar mais do que uma única etapa, tem que ter regularidade. Pelo que se viu até agora, o Cacá é o que está mais perto disso", opinou.
A respeito da F-1, Zonta é mais cauteloso. "Sem dúvida o melhor carro é o da McLaren, mas eu torço pelo (Kimi) Raikonnen. Acho que ele merecia mais do que ninguém ser campeão, por tudo que ele já fez na categoria, por tudo que já passou. Ele merecia também por todo esse escândalo de espionagem envolvendo a McLaren". Sobre as chances do brasileiro Felipe Massa, o paranaense não mostrou muito otimismo. "O Kimi não quebrou tanto quanto o Massa. Acho que por isso ele tem mais chances", disse.
Zonta também acredita que Nelsinho Piquet será titular na Renault em 2008. "Eu fui contratado pela Renault para desenvolver o carro, tenho contrato com a equipe. Já o Nelsinho tem um contrato de risco, diferente, exclusivo com o Flávio Briatore. Ele tem tudo para chegar a titular na equipe", palpitou.
O piloto paranaense Ricardo Zonta voltou a sorrir. Depois de passar os últimos dez anos correndo e vivendo na Europa por tempo integral, entre temporadas na antiga Fórmula 3000 (atual GP2), na FIA GT, na Nissan World Series e, é claro, na Fórmula 1, o curitibano de 31 anos finalmente tirou o ano de 2007 para mudar de ares, voltar para casa e dar um "upgrade" na carreira.
No balanço que fez, Zonta provavelmente já vislumbrou que o futuro o leva diretamente a um dos escritórios do Grupo Condor, de propriedade do seu pai, o empresário Pedro Joanir Zonta. Por enquanto, ele já está tendo noção do que é preciso para dirigir uma rede de supermercados. "Estou aprendendo mais sobre a empresa para tocar os negócios no futuro. Trabalho das 8h às 18h de segunda a sexta-feira, e nos períodos de folga e após o almoço aproveito para treinar fisicamente", revelou Zonta em entrevista À Gazeta do Povo Online.
Contudo, o dia-a-dia em um escritório ainda terá de esperar. O piloto ainda tem muito a fazer dentro das pistas. A atual temporada começou com Zonta esperando pelo desenvolvimento do novo carro da Renault, equipe com a qual acertou contrato para ser piloto de testes em agosto do ano passado. O projeto, porém, naufragou. "A mudança do regulamento da Fórmula 1, limitando os testes, me prejudicou. Fui contratado para ser piloto de testes junto com o Nelsinho Piquet, antes das mudanças. Só testei no começo do ano, depois o Flávio Briatore (chefe da equipe) me liberou para correr em outra categoria, para não ficar parado. Foi ai que eu considerei um convite da Stock Car", afirmou Zonta.
De acordo com o piloto, a equipe L&M Racing, de Londrina, fez o convite em fevereiro e depois de alguns testes ele aceitou o desafio. "Como o conflito com a F-1 seria pequeno, acertei com eles rapidamente. Apesar da equipe ser pequena e com a temporada prestes a começar, eu tentei conhecer o carro o mais rápido possível. A minha ida viabilizou a chegada de dois patrocinadores grandes e nós começamos a melhorar no campeonato, aumentando a estrutura do time. Mas sem testes ou desenvolvimento do carro na Stock fica complicado para um novato mostrar serviço assim na primeira temporada", diz, para justificar o 32.º lugar no geral após oito etapas.
Se alguns problemas prejudicaram o ano de Zonta, outro ajudaram.
Chance de correr nos Estados Unidos
Uma amizade feita com o engenheiro David Brown na passagem de Ricardo Zonta pela Jordan, em 2001, viabilizou outra nova experiência na carreira do piloto: correr na Grand Am Series, uma das principais categorias de turismo dos Estados Unidos. "O piloto da equipe Krohn Racing (Colin Braun) foi suspenso e eles precisavam de um substituto para correrem em Sonoma. O David lembrou de mim e entrou em contato, como já trabalhamos juntos, ele também foi engenheiro do Ayrton Senna na Williams, foi fácil aceitar", contou.
Mesmo sem conhecer o carro um protótipo Pontiac e não ter tempo para daptação, o paranaense surpreendeu, marcou o segundo tempo na tomada de classificação, e chegou em quinto na prova. "Perdemos muito tempo nos pit-stops, e acabamos na quinta colocação", lamentou, para completar em seguida. "Me diverti bastante lá, guiei 1h45 um carro de 500 HP".
De acordo com Zonta, o seu desempenho abriu muitas portas para ele em um mercado no qual ele nunca havia dado atenção. "Eu nunca procurava aquele mercado, mas agora existe uma boa chance de eu correr lá no ano que vem. Tenho um contrato na mão para fazer 14 corridas na Grand Am. Também posso correr na (Fórmula) Indy, mas ainda é cedo para falar", adiantou o piloto.
Arrependimento e futuro
Depois de uma temporada como piloto principal na BAR, em 1999 e 2000 e cinco anos como piloto de testes na McLaren (1998), Jordan (2001), e Toyota (2003 a 2006), Zonta não parece mais tão entusiasmado em continuar na Fórmula 1. O seu atual contrato com a Renault expira em dezembro e, apesar de financeiramente ser muito bom, o piloto não parece disposto a abrir mão de competir.
"A minha vontade daqui para frente é correr, não ser mais piloto de testes. Quero competir e me divertir. Estou em um estágio da minha vida no qual essas duas coisas são mais importantes, não penso mais tanto pelo lado financeiro, o que como piloto de teste é bom, mas hoje correr onde dê para conciliar as todas essas as coisas", explicou o paranaense.
A aparente mágoa de Zonta com a mais glamurosa categoria do automobilismo mundial parece justificada com um erro cometido pelo piloto, o maior de sua carreira, segundo o próprio. "Eu tinha contrato de dois anos com a McLaren em 1998, e acabei quebrando esse compromisso para ser titular na BAR. Era uma equipe sem experiência nenhuma, e eu também, então o primeiro ano foi de nenhuma pressão pro time e muita para mim, precisava mostrar serviço. Acabei sofrendo com quebras mecânicas, sofri acidentes graves, não confiava no carro. Se tivesse ficado na McLaren, o meu contrato previa que eu iria substituir algum dos dois titulares (Mikka Hakkinen e David Coulthard na época) na temporada seguinte, mas o meu ex-empresário achou melhor eu sair, e paguei por isso. A ansiedade de quando você é jovem atrapalha", lamentou.
Assim, longe do circo da F-1 e sem grandes resultados quando foi titular, Zonta já considera deixar a categoria no fim do seu contrato com a Renault. "Minha epserança é bem pequena, não estando lá direto, muda bastante. É um campeonato desgastante, eles passam a rasteira em qualquer pessoa para ficar por cima, são pessoas difíceis de confiar. É bom para o status, glamuroso, mas muito ruim", desabafou, sem deixar uma porta aberta para a categoria. "Se tivesse a chance de ser titular, é claro que eu aceitaria, mas não acredito mais nisso".
Com chances remotas se renovar com a Renault, as pistas do Brasil e, talvez, dos EUA receberão o talento paranaense em 2008. "Na Stock as chances são boas para o ano que vem. Vários pilotos como o Cacá Bueno já disseram que eu posso disputar o título na próxima temporada. E eu acredito nisso", concluiu Zonta.
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