Rio O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu com veemência os gastos da União com os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, que já estouraram em 684% o custo inicial do evento, previsto no orçamento de 2002.
"Quando forem abertos os Jogos Pan-Americanos [no dia 13 de julho], o que vai ficar é o nome do Brasil", afirmou Lula, ontem, no Maracanã. "Se houve excesso, pode discutir, pode o Tribunal de Contas investigar, pode qualquer coisa", completou o presidente.
Em seguida, o ministro Orlando Silva (Esporte) anunciou novo aumento do desembolso do governo federal com a competição. Até ontem era R$ 1,5 bilhão. Com mais R$ 150 milhões, alcança R$ 1,65 bilhão.
Na brochura oficial da candidatura carioca apresentada à Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) em 2002, a fatura da União estava estipulada em R$ 138 milhões (valor atualizado pela inflação). Agora, para cada R$ 1 de despesa dos cofres federais prevista, serão consumidos R$ 12.
Indagado sobre o "fechamento da torneira", o ministro respondeu: "Espero que o pênalti do presidente [cobrado contra o governador do Rio, Sérgio Cabral] tenha marcado o ponto final da transferência de recursos para o Pan".
O presidente afirmou ignorar "o orçamento da Odepa". "Eu conheço o orçamento que me foi apresentado já quando eu era presidente [a partir de 2003]." Lula não informou os números.
O presidente duvidou do estouro. A brochura que contém a planilha orçamentária foi assinada pelos governos federal, estadual e municipal em 2002. Enviaram cartas dando "garantias financeiras" à Odepa os então presidente Fernando Henrique Cardoso e governador Anthony Garotinho (Rio de Janeiro) e o hoje ainda prefeito Cesar Maia (Rio).
"Acho totalmente infundado e absurdo imaginar que nós estamos gastando dez vezes mais", afirmou Lula.
No seu governo, o orçamento do Pan disparou. O presidente assinou ontem medida provisória concedendo mais R$ 100 milhões para a conclusão da reforma complexo esportivo do Maracanã, propriedade do estado do Rio.
A quantia faria parte do R$ 1,5 bilhão da conta da União. O Ministério dos Esportes, porém, divulgou que os R$ 150 milhões suplementares contemplam o Maracanã e a infra-estrutura da Vila do Pan.
Lula apontou hipocrisia na discussão sobre gastos públicos: "Vira e mexe as pessoas perguntam: "Nossa, mas tá gastando com o Pan?. [...] No Brasil tem uma hipocrisia, que as pessoas falam: "Ah, tá gastando com o Pan, poderia fazer uma casa popular, uma creche. Nós precisamos fazer a casa popular, a creche, mas não podemos prescindir do Pan".
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